sexta-feira, dezembro 05, 2014

A porta

Tela de José Malhoa
A porta azul entreabriu-se a soluçar
E da janela já não irrompe a luz
Que anunciava o nascer da aurora.

O relógio continua embutido
Na parede de cal branca
Com os ponteiros estáticos
Gélidos como o orvalho da madrugada.

Lá em baixo os lírios murcharam
E os muros esboçam o tempo
Em gestos rasgados de musgos.

No celeiro apenas sombras
Ecoam gritos de silêncios
Esmorecidos no eco dos escombros.

Lá fora os pássaros
Continuam em bandos
A sobrevoar o rio.

21.11.2013
Ailime

reposição



4 comentários:

  1. O que te dizer? Lindo,lindo demais! Adorei! bjs, tudo de bom,chica

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  2. Amei!!! Quanta sensibilidade .quanta beleza neste poema.Bjs.Boa semana

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  3. Tempos idos... Os pássaros voam e o rio continua o seu percurso, ensinando-nos que a vida não para... Com ELE, ela é eterna!!
    Bonitas palavras!
    Beijos

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  4. A casa abandonada ressente-se da ausência... Os pássaros, alheios à tristeza sobrevoam as curvas desencantadas do rio... Muito belo.
    Um beijo, Amiga.

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«Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar».C.L.