domingo, maio 29, 2022

Rasga-me no peito a dor



Rasga-me no peito a dor

da clausura que de ti emerge

de passos no mesmo espaço

onde te confinas com a resiliência

de quem sabe esperar.

Resistes como quem ama

e abraça as dificuldades

como se fossem pequenos sóis

a brilhar na noite escura.

O tempo é apenas um sopro.

Tudo vai ficar bem

quando o coração

busca dentro de si a vida.


Para o meu filho MS

Texto
Ailime
29.05.2022

segunda-feira, maio 23, 2022

Na escassez das palavras


Maria Caldeira


Na escassez das palavras

a sede no deserto 

como um rasgão na pele

miragem e silêncio

nas poeiras das dunas

a toldar o pensamento

que clama pelo voo das aves

para dissipar as névoas

Há vazios e grãos de poeira

a marejar os olhos

nos silêncios da tarde

que, em vão, suplicam

que o oásis floresça.



Texto
Ailime
23.05.2022


terça-feira, maio 17, 2022

Diante do mar o espanto


Pintura (Óleo) desconheço o autor



Diante do mar o espanto
pássaros no horizonte
com seus voos em alvoroço
esboçam teias de luz
que acolho no meu regaço
como se fossem pedaços de tempo
a adiar as manhãs.

Mar azul, mar refulgente
ondeando em espuma de neve
esculpe no areal dourado
os beijos dos amantes
que na praia serenados
quando o sol se esconde 
apenas o murmúrio do mar

Mar tão longe e tão perto
sempre tão belo, por vezes medonho
trazes a luz, mas também as sombras
Mar brilhante que seduzes
quantos de ti se aproximam
por teres uma beleza única
através de ti o amor.


Texto
Ailime
17.05.2022

segunda-feira, maio 09, 2022

Escorria-lhe da boca o silêncio

 Di Farias

Escorria-lhe da boca o silêncio

que lhe ardia no peito.

Não soletrava as palavras

e os olhos côncavos

imersos num mar em chamas

ateavam nas suas mãos

barcos à deriva

baloiçando ao vento,

sulcando-lhe no rosto

a dor do pranto contido.

Nem o voo dos pássaros

em cantos alegres e claros

lhe soltaram dos lábios

o sabor amargo do silêncio.


Texto
Ailime
09.05.2022

terça-feira, maio 03, 2022

Todo o artista põe amor nas suas obras




Todo o artista põe amor nas suas obras

cinzela-as com todo o cuidado;

seu olhar lapida-as como

se fossem diamantes a brilhar ao sol.


Nem sempre a obra parece perfeita

como nada no mundo é perfeito,

mas o suor escorre-lhe no rosto

as suas mãos tremem de comoção

perante a obra que acabou de criar.


O homem também é imperfeito

na sua imperfeição perde a razão

deixando que a vanglória o arrebate;

num ápice nega o que é perfeito.


Texto e foto
Ailime
03.05.2022