Eras rio, barco, pássaro azul,
nuvem, nascer e pôr do sol.
Searas ondulantes esculpidas
como mares
povoavam-te os sentidos.
As papoulas acenavam-te
o porvir
em gestos largos,
que só tu entendias.
As margens do rio são agora
estreitas
e o teu olhar já não as enxerga.
Há sobre o rio uma névoa
que te cega,
uma bruma que te impede
de respirar.
Apenas os peixes
te navegam no olhar.
Para meu Pai
(03.1926-12.2017)
(03.1926-12.2017)
Texto
Ailime
26.03.2021
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