sábado, dezembro 30, 2017

Para meu Pai


O rio que tanto amavas
transformou-se num mar de orvalho
que me sufoca por dentro
e me queima no peito a tua ausência.
Já não te posso amparar
nos teus passos inseguros;
já não posso agarrar-te as mãos
ternas de carinho
como o brilho do teu olhar
que me sorria de tão azul.
No dia da Luz
partiste para a Luz,
que agora te acolhe
e abriga num abraço eterno.
Descansa em paz, Pai!
Com o amor infindo da tua filha
Emília



Texto
Ailime
30.12.2017
Imagem Google 

quinta-feira, dezembro 21, 2017

... quase Natal



Há silêncios que me confundem
e  palavras que como espadas
me trespassam os sentidos
como se o meu corpo
já não me pertencesse,
de tão gelado que está.
É inverno... e quase Natal.
Onde está o aconchego e o Menino Jesus?
Tantas luzes, tantos presentes,
tanta euforia, tanta mesa farta
e até a guerra, a terrível guerra injusta e cruel
não desiste de matar.
Cidades destruídas, crianças ao relento,
fome e desespero.
Tantos nus a rastejar pelas cidades
estendendo as mãos que ninguém  vê,
que ninguém ouve, que ninguém sente.
Que faço eu aqui, impotente, 
perante estes factos que perturbam o meu sentir?
É tempo de Natal...
Sim, em Belém de Judá,
nascerá de novo o pobre Deus Menino
numa manjedoura deitado
e envolto em frágeis panos,
aquecido pelo bafo dos animais do estábulo.
D’Ele emanará a luz
que se revelará a mais brilhante,
que aquecerá e libertará
e ouvir-se-ão cânticos de louvor
entoados por toda a Terra.
Eu clamo ao Deus Menino: salva o teu povo
e renasce no coração de cada Homem.
É tempo de celebrar o teu Natal.

Texto
Ailime
20.12.2016
(reposição)


Desejo-vos um santo e feliz Natal.
Próspero Ano Novo!
Abraços. Ailime



sábado, dezembro 09, 2017

O rio, sempre o rio...

Salvador dali

O rio, sempre o rio...
que deixa a descoberto
as margens longínquas do tempo
que te cerceiam os gestos
e onde o teu olhar repousa
como se não houvesse amanhã.

Os dias claros percorrem-te o olhar
desfazendo as névoas da incerteza,
que em silêncio resgatas à luz.

O rio, sempre o rio...

A sulcar na lonjura das marés
a clarividência do teu sorrir.




Ailime
31.10.2016
(Reposição)