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Tela de Daniel Ridgway |
Procedemos do mesmo rio
que nos abraçou na nascente
e saltitámos de pedra em pedra
como rãs a coaxar
por entre juncos floridos
no pântano de sombras,
que silenciavam as tardes
daqueles dias em que o céu
vermelho como papoulas
abrasava o horizonte.
Como aves, de asas impelidas pelo vento,
voámos céleres no tempo
e atravessámos as mesmas pontes
a desbravar as margens
do rio que nos corria nas veias.
Um dia voaste e perdi-te o rasto.
Nessa manhã o rio transbordou
e um enorme lago separou-nos.
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Inesperadamente voltaste
e o rio voltou a correr-te nas veias.
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Como as ondas do mar
(que sempre cingiram o rio)
ausentavas-te e volvias
como marés a vaguear na praia
as manhãs do
entardecer.
…………………………………….
Não sei se algum dia alcançarás
que somos filhas da mesma nascente,
que o sol que nos aquece é o mesmo,
que percorremos as mesmas ruas,
os mesmos sonhos e quereres.
Não sei se um dia,
algum dia,
saberás quem sou.
Saberás quem somos.
Texto
Ailime
Imagem Google