quinta-feira, outubro 29, 2015

Os lírios

Van Gogh

Tão longe a casa onde nasci.
No quintal um pouco acima
a oliveira e o baloiço
que subia mais alto que os pássaros
que voavam em bandos
(eram tantos, aos milhares)
e o morangueiro sobre o poço
a florir como rosas em botão.
 “Não tardará a maturar”, dizias.
Mais abaixo os lírios roxos
(tão belos que eram os lírios)
e o musgo como veludo a debruar o muro.
Entardeceram as horas no pátio da casa
e a luz quedou-se na janela cerrada.

Tão longe a casa onde nasci...

Texto
Ailime
29.10.2015
Imagem Google


sábado, outubro 17, 2015

Que se faça silêncio


Que se faça silêncio em teus ecos
E os ventos não te arrastem
Pelos bancos alagados dos jardins
Onde jaz a solidão das folhas

Que as tuas mãos, macias
Como musgo a revestir os muros
Se elevem até onde a luz se detém
Suspensa em pequenos galhos trémulos

Que os rios e os mares de algas imperfeitas
Deixem que os búzios regressem à praia
Onde outrora deixaste esculpida
A claridade dos gestos


Texto
Ailime
Imagem Google
17.10.2015