sábado, setembro 30, 2023

Desato as sandálias

 


Desato as sandálias e caminho descalça pelas dunas;

os meus pés pisam  areias secas e por momentos

recuo e torno a calçar-me. O chão escalda.

O deserto é penoso, mas desafiante.

Nele me reencontro, sempre que durmo ao relento

nas noites infindáveis, quando mergulho em sono profundo.

Pela manhã o sol acorda-me e uma flor sorri.

É o recomeço da travessia; por instantes, sonho.


Texto
Ailime
30.09.2023
Image Google


sábado, setembro 23, 2023

Cedo ao tempo



Cedo ao tempo em silêncio

e escrevo palavras à toa

nas horas incertas,

quando os ponteiros do relógio

se detêm nos ecos

insondáveis dos minutos

e os segundos, suspensos, 

como num compasso,

me prendem os sentidos.


Vagueio sem saber das horas

e nelas me reencontro sempre

que me reconheço

na voragem dos dias.


Texto 
Ailime
Set/2023
Imagem Google


sábado, agosto 26, 2023

Nas asas do vento

 


Nas asas do vento descansava

das provações da vida.

O seu coração ficava leve, leve

como pássaros a esvoaçar

em redor da sua cintura.


Decidira não mais se penalizar

por todos os absurdos com que se cruzara.

Era um caminho árduo, silencioso

que lhe ardia sob os pés cansados,

onde não queria voltar.


Como um inseto saltitava 

sobre as flores secas  e sem cheiro

e redimia-se num casulo de silêncio

numa escarpa junto ao mar.


(Vou estar em pausa por algum tempo).
)..
Reedição
Ailime
2022
Imagem Google

sábado, agosto 19, 2023

Há que redescobrir silêncios



As tarefas rotineiras são cansativas,

como são cansativos os dias sem luz.

Por vezes as palavras colam-se à língua

e não desatam os versos que

que habitam o silêncio

no mais recôndito de nós.

Torna-se necessário novas primaveras

que nos devolvam os pássaros

com seus cantos maviosos

que nos ensinem outras canções.

Há que redescobrir silêncios

que nos ajudem a atravessar

novos caminhos, novas pontes,

novos jardins, com flores sem nome.

Há que soltar as palavras

nos rodopios do vento;

há que reiventar as canções

nas escarpas do amor.


Texto
Ailime
Imagem Google

sábado, agosto 12, 2023

Tinha na pele o cheiro das flores


Tela Daniel Ridgway

Tinha na pele o cheiro das flores

e rasgava as searas com os sentidos

na alvura da manhã bebia o orvalho

antes que o sol lhe queimasse o corpo.


Inebriados pelo frescor do amanhecer

os pássaros voejavam de mansinho

entoando cantos maviosos da aurora.


Ao lado, o rio, sabia-lhe de cor o nome

e sorria-lhe, cúmplice, na maré cheia

nos acordes da vida a renascer.


Era o espanto que a revigorava

nas primeiras horas do dia

trazidas pela lezíria

como barcos a respirar.


Texto 
Ailime
12.08.2023

sábado, agosto 05, 2023

Pássaros em bandos


Pássaros em bandos

voam em liberdade, serenamente,

mensageiros da paz e do bem.

É tempo de abrir o coração

à palavra e ao amor.

É tempo de encontro

e de reencontros

tempo de perdão, de alegria,

de fraternidade  e igualdade.

Todos juntos e são muitos

cantam o amor e escutam.

Sabem escutar

e enxergam com brilho nos olhos

o voo mais Alto

para um mundo melhor

construir e pacificar.

É tempo de ter esperança!


Texto e
foto (via TV)
Ailime

sábado, julho 29, 2023

Esperança é palavra fecunda

Ailime

Esperança é palavra fecunda

no coração de quem anseia

uma vida nova de amor.

Correm apressados, de passagem,

para um campo, fértil, que germine.

Como estrelas luzentes

em noite estrelada,

guiam os seus passos

na vertigem

de algo maior encontrar.

Em silêncio ou a cantar

ei-los que chegam

a um outro mundo,

que pretendem abraçar.


Texto e foto
Alime
29.07.2023


sábado, julho 22, 2023

Percorria-a o silêncio



O vento esventrava-lhe os sentidos

perdida por entre as dunas do deserto

e a sede assediava-a a cada passo que dava

numa busca latente.

Percorria-a o silêncio

cada vez mais rouco, cada vez mais inaudível.

Apenas o vento e as areias

que lhe feriam os olhos

rasgados de tanto chorar

a impeliam, meio encurvada, no chão ardente.

Não sabia de cor o fim da viagem.

Apenas sabia que o seu destino

tinha um desígnio.


Texto
Ailime
22.07.2023
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sábado, julho 15, 2023

Sem palavras não há poema


Sem palavras não há poema.

Mas num pequeno galho

a ave constrói o seu ninho

e a poesia nasce.

A natureza está em festa.

Borboletas esvoaçam,

as flores brilham ao sol,

a terra parece sorrir,

tudo se enquadra 

numa bela expressão de amor.

O poema não precisa de palavras,

apenas um pouco de silêncio

na contemplação

da natureza,

até confundir-se com ela.


Texto
Ailime
15.07.2023
Imagem Google

sábado, julho 08, 2023

O prelúdio do entardecer

 



Dizia-lhe que tinha os sinais à flor da pele

como quem colhe cerejas e as trinca 

deixando escorrer pelo canto dos lábios

o néctar vermelho doce como o mel.

Via-se nas sombras dos pomares 

poisando aqui e ali qual borboleta

escutando o silêncio da tarde

entre os cantos dos pássaros

e os zumbidos dos insetos.

O relento era o seu reino onde

se sentia  aconchegada longe do mundo

e apenas as flores lhe entoavam baixinho

o prelúdio do entardecer.


Texto
Ailime
Imagem Google
08.07.2023