domingo, fevereiro 27, 2011

O silêncio de minha mãe

Oiço-te ainda a chorar baixinho,

Quando criança.
Uma vez e outra
Eu te perguntava: "O que tens, mãe"?

E tu, invariavelmente,

Serenavas-me, dizendo: - “não tenho nada”!
E eu sei que sofrias!
Relembro todo aquele tempo…

Mãe!
Algo te perturbava…
E, ainda hoje, não sei o que te atormentava, mãe…

Ailime
04.05.2008
(Reposição: in Rota Diferente)

27.02.2011
Imagem cedida pela Net

domingo, fevereiro 13, 2011

Sinto-te na chuva

Imagem da Net
Neste mar que escorre
Por entre os meus dedos
Sinto-te na chuva
Que inunda
Os espaços
Sofridos
Da tua solidão
E fixo o olhar
Nas árvores desnudas
Como corpos esguios
De braços erguidos
Ressequidos
Famintos
Estendidos no chão
À revelia da
Iniquidade
Cega
Que finge
Que não és.

Ailime
13.02.2011
Imagem cedida pela Net

domingo, fevereiro 06, 2011

A Hora da Partida

«A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.

A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.

Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.»


 Sophia de Mello Breyner Adresen

Ailime
06.02.2011
Imagem cedida pela Net