Tão fresca era a terra
que te acolhia nas madrugadas,
sob as oliveiras já corcundas
que te iluminavam o rosto
no suor dos dias passados,
o futuro das colheitas incertas.
Tão longínquo e breve foi o tempo
em que me davas as mãos e sorrias
mostrando-me a lua e as estrelas
e as flores do caminho orvalhadas
a sorrirem por entre uma nesga de sol.
Tão longínquo e breve foi o tempo
dos musgos e das candeias acesas
sobre as paredes caiadas como neve
a faiscarem relâmpagos na noite.
Tão breve mas tão próximo o tempo
em que a lareira a crepitar
era o refúgio nos invernos glaciais
enquanto o vento assobiava lá fora
chispas de silêncios encapotados.
Texto
Ailime
Foto Google
30.12.2015