sábado, junho 25, 2022

O tempo

 Jacob Brostrup

Por entre nuvens e céus claros

o tempo corre veloz como pássaros;

nem as trovoadas o detêm 

na sua correria louca, intempestiva

como foguetes em dias de festa

a provocarem surdez

quando os foguetes se apagam.

O tempo não esvaece, alastra-se

como fogo impelido pelo vento

e nem as águas o estancam.

O tempo na sua voraz pressa

nem sequer tem tempo

para observar  o mundo

onde frenético, voa em liberdade.


Texto
Ailime
25.06.22
Imagem Google


domingo, junho 19, 2022

Tenho saudades do meu rio

 




Tenho saudades do meu rio.

O meu rio não é um rio como os outros,

porque me corre nas veias,

o que o torna único.

É um rio que me viu nascer.

Um rio com águas bordadas a prata

e com margens tingidas de azul.

A lezíria beija-lhe as margens

numa doce primavera verde

e os pássaros voejam em redor

debicando aqui e ali,

como se entendessem

as maresias e os pores do sol

que sobrevoam os barcos

que trago dentro de mim.

O meu rio é único e belo.

Tão belo,

que cabe na luz do entardecer.


Texto e foto
Ailime
19.06.2022

sábado, junho 11, 2022

Um dia



Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Mas num dia não cabe todo o amor que as distâncias separam

todas as saudades que fazem doer o coração

todo o afeto que um beijo pode transmitir

ou o abraço apertado  que se dá com um nó na garganta.


Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Mas jamais pode substituir a presença de quem longe

olha o horizonte como se ali pudesse beber da seiva das suas raízes

mergulhar num mar de sentimentos reprimidos

estreitando os laços que teimam em queimar a pele.


Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Lembranças, glórias, vitórias, feitos, conquistas

mas jamais poderá mostrar o brilho do olhar e o sorriso

de quem longe é pródigo em silêncios e solidão

atravessando o dia com uma vontade irreprimível de regressar.


Para o meu filho SS

Texto
Ailime
11.06.2022
Imagem Google


sábado, junho 04, 2022

No som do silêncio


Ângela Felipe


No som do silêncio

a claridade da manhã

como um cântico

a inebriar-me os sentidos

passadas as sombras

que anuviavam meus dias.

Os pássaros voejam alegres

e pousam na minha janela

o esplendor do voo

como num abraço de paz

acordando as palavras

adormecidas na noite.

Foguetes anunciam a festa

e as palavras bailam desordenadas

ao sabor do vento

desfazendo a solidão.


Texto
Ailime
04.06.2022