Conhecia de perto todos os mistérios do rio.
De pedra em pedra percorria-lhe as margens
e desvendava o sabor das auroras quando as neblinas
o afagavam ainda antes do refulgir do sol.
E estendia-lhe as redes.
Era um rio límpido, sem mácula, azul de tanto céu,
que brilhava no silêncio da lezíria
como se fora outro lugar onde o trigo ondeava.
Nada era tão puro como a transparência dos barcos,
onde saltitavam os pássaros para captar as presas
que quase afundavam o barco.
A faina era tão leve e a colheita tão farta...
.........
Hoje, apenas um velho barco carcomido,
na solidão do lodo.
Ailime
30.07.2022
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