sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Por vezes ouço um galo a cantar

Tela de Guillo Pérez
Por vezes ouço um galo a cantar.
Poderão achar estranho mas não é.
O campo entrou na cidade
pelas frinchas da varanda
da vizinha do sexto andar.
E ficarão a pensar:
mas que coisa sem sentido,
sem nada ter de poético.
No entanto para a vizinha
o galo no seu cantar
protege-a da solidão
num jardim onde há muito
as andorinhas rasgaram as asas 
e jazem feridas no chão.


Texto
Ailime
27.02.2015
Imagem Google

sábado, fevereiro 14, 2015

Na vertigem da nuvem

Sinto-te como se uma névoa
me desenhasse no corpo
a chama que crepita na alma
o tempo que demora
na vertigem da nuvem
que um dia originou
a fonte trazida do deserto
onde o oásis eras tu.
………………………………
As dunas ainda hoje
dançam ao som do vento
a música da chuva.

14.02.2014
Ailime
Imagem Google

quinta-feira, fevereiro 05, 2015

Desertos, silêncio


Desertos, silêncio e a ausência das sílabas
Nas palavras alcandoradas nas folhas
Secas pelo vento, na escassez das tardes
Abrigadas no sol-posto apressado das horas.

Por entre penumbras e escarpas agrestes
Apenas o chão exorta o alvorecer.


Texto e foto
Ailime
05.02.2015