terça-feira, agosto 31, 2021

É quase outono nas dunas



É quase outono nas dunas,

os oásis  têm sede  e as plantas mirram.


Nada é igual como dantes

quando os caminhos floriam de paz

nos teus pés descalços pelo vento

deambulando como plumas.


Ainda estamos a tempo

de colher flores amarelas

nos dias em que as névoas

orvalharem os desertos.


Texto
Ailime
31.08.2021
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domingo, agosto 22, 2021

Sonho



Na escarpa sentada

avisto um navio ao longe

minhas mãos são como conchas

em que o  silêncio me refaz

do cântico dos búzios

a soletrar medusas

corais e marés-cheias.


O vento arrasta-me

pelas dunas de areias movediças

despenteia-me os pensamentos

como aves em pleno voo

a entoar a canção 

à deriva das correntes.


Virada para o mar

Recomponho-me do sonho 

- Cai a pino a luz do meio-dia.


Texto
Ailime
22.08.2021
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terça-feira, agosto 17, 2021

Palavras tantas vezes sufragadas

 


sun

Palavras tantas vezes sufragadas
Por gotas de mar nublado pelas brumas
Que te cerram no olhar o vento
Quando há escassez de marés
E nem sabes se são mesmo palavras
Ou apenas pedaços de memórias
Encalhadas no convés do navio
Quando te fazes ao largo

Não precisas penitenciar-te
Deixa apenas que o esplendor do sol
Te preencha o vazio da alma.


Texto
Ailime
(Reedição)
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terça-feira, agosto 10, 2021

A velha varanda



A  velha varanda avança pela planície

que entra pelo rio adentro e evoca o tempo

dos dias claros e das nuvens azuis

que te circundavam o rosto e o olhar

onde agora repousa a solidão.


Os degraus  ladeados por glicínias

evocam os teu passos ausentes

onde outrora sorriam  as andorinhas.


Até os pássaros partiram

deixando os ninhos vazios

sob o alpendre da casa

de paredes brancas e nuas

que retêm todos os gestos

e as palavras que dissemos.


Texto e foto
Ailime
10.08.2021
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terça-feira, agosto 03, 2021

Abro os meus gestos ao universo





Abro os meus gestos ao universo

e segredo-te  um mundo de cores;

as estrelas brilham como sóis,

a lua é um mar de prata

que te cinge como um barco

a deslizar sobre as águas

e um farol ali tão perto

rasga as sombras trazidas pelo vento,

clareando as marés.

Em silêncio repousamos o olhar

no sossego da noite.


Texto
Ailime
03.08.2021
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