sábado, janeiro 28, 2012

O tempo

Nas linhas sinuosas do tempo

Movo-me por entre águas,

Quantas vezes traçadas

Em mananciais estéreis

Num torpor que me enclausura

E confina no emergir de mim.


E vislumbro nas alvoradas

Sóis que alvitram visos,

Em centelhas de luz fulgente

Prenunciando alvoreceres

Disfarçados nas neblinas

Neste despertar tardio.


Ailime
28.01.2012
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quarta-feira, janeiro 25, 2012

Poesia de que gosto

Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector


Ailime
25.01.2012
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sábado, janeiro 21, 2012

Poema incompleto

As musas calaram-se

E apenas o silêncio invade

O espaço onde me movo.

O sol de inverno envolve-me

Num brilho imenso

Que me acalenta e

Anuncia o caminho.



Ailime
21.01.2012
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sábado, janeiro 14, 2012

Os amigos

Os amigos são tesouros,
Tal como papoilas vermelhas
Que salpicam as searas,
Em movimentos ondulantes
De beleza inconfundível,
Dando cor às nossas vidas.

Os amigos são como aves
Que adejam pelos céus
E nos transmitem a liberdade
De nos sentirmos pessoas.

Os amigos são como o silêncio
Que nos desertos de nós
Sabem escutar nossos brados.

Os amigos são como anjos
Que Deus nos enviou
Para neles Se manifestar
Em toda a Sua bondade.


Ailime
14.01.2012
(Reposição 22.04.2011)
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sábado, janeiro 07, 2012

Paisagem

Passavam pelo ar aves repentinas,
O cheiro da terra era fundo e amargo,
E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas.

Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
Era a carne das árvores elástica e dura,
Eram as gotas de sangue da resina
E as folhas em que a luz se descombina.

Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas do vento
Era o livre e luminoso chamamento
Da asa dos espaços fugitiva.

Eram os pinheirais onde o céu poisa,
Era o peso e era a cor de cada coisa,
A sua quietude, secretamente viva,
E a sua exalação afirmativa.

Era a verdade e a força do mar largo,
Cuja voz, quando se quebra, sobe,
Era o regresso sem fim e a claridade
Das praias onde a direito o vento corre.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Ailime
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07.01.2012