sábado, julho 29, 2023

Esperança é palavra fecunda

Ailime

Esperança é palavra fecunda

no coração de quem anseia

uma vida nova de amor.

Correm apressados, de passagem,

para um campo, fértil, que germine.

Como estrelas luzentes

em noite estrelada,

guiam os seus passos

na vertigem

de algo maior encontrar.

Em silêncio ou a cantar

ei-los que chegam

a um outro mundo,

que pretendem abraçar.


Texto e foto
Alime
29.07.2023


sábado, julho 22, 2023

Percorria-a o silêncio



O vento esventrava-lhe os sentidos

perdida por entre as dunas do deserto

e a sede assediava-a a cada passo que dava

numa busca latente.

Percorria-a o silêncio

cada vez mais rouco, cada vez mais inaudível.

Apenas o vento e as areias

que lhe feriam os olhos

rasgados de tanto chorar

a impeliam, meio encurvada, no chão ardente.

Não sabia de cor o fim da viagem.

Apenas sabia que o seu destino

tinha um desígnio.


Texto
Ailime
22.07.2023
Imagem Google


sábado, julho 15, 2023

Sem palavras não há poema


Sem palavras não há poema.

Mas num pequeno galho

a ave constrói o seu ninho

e a poesia nasce.

A natureza está em festa.

Borboletas esvoaçam,

as flores brilham ao sol,

a terra parece sorrir,

tudo se enquadra 

numa bela expressão de amor.

O poema não precisa de palavras,

apenas um pouco de silêncio

na contemplação

da natureza,

até confundir-se com ela.


Texto
Ailime
15.07.2023
Imagem Google

sábado, julho 08, 2023

O prelúdio do entardecer

 



Dizia-lhe que tinha os sinais à flor da pele

como quem colhe cerejas e as trinca 

deixando escorrer pelo canto dos lábios

o néctar vermelho doce como o mel.

Via-se nas sombras dos pomares 

poisando aqui e ali qual borboleta

escutando o silêncio da tarde

entre os cantos dos pássaros

e os zumbidos dos insetos.

O relento era o seu reino onde

se sentia  aconchegada longe do mundo

e apenas as flores lhe entoavam baixinho

o prelúdio do entardecer.


Texto
Ailime
Imagem Google
08.07.2023

sábado, julho 01, 2023

Do sonho acordo e espanto-me



Numa pétala  de rosa esboço um barco

onde me sento segurando a vela

e deixo que o vento o impele

sobre as águas de um lago imaginário,

em que no silêncio da tarde

os ecos crepitam

rumores de um entardecer.

Do sonho acordo e espanto-me

com a claridade do dia

sem vestígios do barco

que ousei  tecer com os sentidos.


Texto
Ailime
01.07.2023
Imagem Google