sexta-feira, novembro 29, 2019

No tempo dos frutos maduros

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Cecilia K Yoshida

No tempo dos frutos maduros
colocavas sobre a mesa o teu suor.
O teu rosto sorria e as uvas
de tão maduras e doces,
como o mel de flores silvestres,
resplandeciam-te no olhar o espanto
de quem sabe as cores do plantio.

Da tua boca vermelha,
como romãs,
escorria a beleza das rosas
que te caíam no regaço
atravessando a noite
que te estendia as mãos
num silêncio imperceptível.   

Texto
Ailime
28.11.2019                                                 

quinta-feira, novembro 21, 2019

Poema de Graça Pires

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José Malhoa

Um tumulto de uvas prematuras ecoa pelas vinhas
profanadas por sebes de adubo na fenda dos ventos.
No início do outono o cheiro das vindimas
perturbará o sono das crianças.
E o vinho quebrará todos os copos
para que o não bebam os homens
que habitam os espelhos da culpa.

Graça Pires

Do livro Uma Vara de Medir O Sol
Pag. 36

domingo, novembro 10, 2019

A porta





Pé ante pé aproximei-me e estendi o olhar
a procurar-te como se ainda ali estivesses.
Acho que me enganei na porta

A casa estava em escombros, as paredes nuas
faltou-me o chão quando transpus a soleira.
Olhei de través as paredes outrora brancas
e não te vi

Tudo está escuro, em silêncio;
apenas escuto o dlim dlão do velho relógio
que parece resistir ao tempo.
O tempo que era liso e claro
e hoje apenas crépido e solitário

Há degraus que apenas se sobem uma vez na vida
para se perderem, num ápice, no abismo das horas



Texto e foto
Ailime
10.11.2019

quarta-feira, novembro 06, 2019

As rosas (Poema de Sophia)

Hoje Sophia de Mello Breyner Adresen completaria 100 anos. 

A minha humilde homenagem


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As Rosas


Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.

Sophia de Mello Breyner Andresen