«As palavras pesam. Um texto nunca diz a dor das pequenas coisas» Graça Pires in Poemas escolhidos
quarta-feira, setembro 29, 2021
Diante do mar o assombro
quarta-feira, setembro 22, 2021
O outono
O outono insinou-se e chegou de mansinho,
sem fazer ruído, silencioso...
Mal o pressenti, apenas uma folha caída
despertou em mim a nostalgia da estação
dos cachos e das folhas douradas,
da sede que existe em mim e da qual não sei o nome.
As flores emudeceram, algumas murcharam
outras perderam a cor.
As horas encurtam os dias e o pensamento divaga
pelo silêncio da tarde, que se debruça no entardecer.
O sol-posto já se desenha no horizonte,
as minhas mãos, vazias, esperam o alvorecer.
Ailime
21.09.2021
quarta-feira, setembro 15, 2021
A palavra
no céu, no mar ou nas asas dos pássaros.
A palavra move-se, soletra-se,
mas, por vezes, resvala para o
abismo das emoções.
Tantas são as palavras
que não ousamos pronunciar.
Tantas são as palavras
que fingimos ignorar.
A palavra é a voz
que, quando bem silabada,
se deve preservar e contemplar
como se fora um tesouro.
Ailime
Imgem Google
terça-feira, setembro 07, 2021
Nos dias avessos à luz
descubro veredas
por entre florestas sombrias
que me lembram
o tempo
em que
caminhavas desamparada
como se o
mundo te renegasse
o chão, que
pesadamente pisavas
como se não
houvesse relâmpagos,
nem pássaros, nem
silêncios, nem palavras
a rasgar as manhãs,
que os teus olhos guardavam.
Das tuas mãos, em
gestos simples,
as flores
desprendiam-se como asas
que ninguém via, que
ninguém ouvia.
Apenas tu lhes
conhecias a cor.