sábado, abril 05, 2025

Um poema germina


Um poema germina como uma árvore.
Dissemino palavras, imprecisas,
sob a magnólia do jardim;
Deixo que o tempo as faça florescer na primavera.
Não sei se as palavras tem odor, como as flores do jasmim
dependuradas do muro, em redor da casa.
Todos os dias espreito da janela
para enxergar alguma palavra, nas folhas
da magnólia, mas o vento, em rodopio,
confunde-me o olhar.
Numa manhã, deparo-me com um broto,
que me parece uma folha a perfurar
uma pétala de magnólia, caída no chão.
O poema inicia o seu ciclo
e, como a primavera, chegou o tempo
de vicejar.

Texto e foto
Emília Simões
05.04.2025

12 comentários:

  1. Olá, querida amiga Emília!
    O poema é gestado na efervescência da primavera do coração da poetisa.
    As folhas da magnólia servem de mote a tão lindo e perfumado poema.
    Tenha um final de semana abençoado!
    Beijinhos fraternos

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  2. Olá amiga Emília
    A metáfora da germinação poética na magnólia é belíssima, mostrando a paciência e a esperança do poeta em ver suas palavras desabrocharem.
    Bom domingo pra você
    Beijinhos

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  3. As flores também nos contemplam.
    Um abraço.

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  4. Boa tarde Emília
    Este belo poema, que evoca uma metáfora rica entre a criação poética e o florescimento da natureza está lindíssimo, e merece um comentário mais detalhado.
    O poema transmite uma reflexão sobre o processo de criação literária, comparando-o com o ciclo natural de uma árvore. A imagem da magnólia, um símbolo de beleza efémera, é particularmente significativa, pois sugere que as palavras,como as flores,podem ser imprecisas e difíceis de capturar no início, mas com o tempo, amadurecem e se tornam mais claras e definidas. O uso do tempo, da paciência e da observação cuidadosa, temas recorrentes no poema, é uma marca da maturidade poética: a escritora deixa-se guiar pelo fluxo do tempo, permitindo que as palavras floresçam espontaneamente.
    Há também uma curiosidade pela experiência sensorial que envolve o poema. A comparação entre o odor das flores de jasmim e a natureza da palavra é uma bela maneira de reflectir sobre a dificuldade de compreender o significado exacto e os sentidos profundos que uma palavra pode carregar, se esta não for apropriadamente cultivada e amadurecida.
    O movimento do vento que “confunde o olhar” é uma metáfora para as dificuldades que todos nós encontramos ao tentar capturar o significado fugidio e mutável das palavras. A busca contínua da autora pela palavra ideal reflecte uma tentativa de entender o mundo através da arte da escrita, que, como a natureza, está sempre em transformação.
    Por fim, a imagem do broto a perfurar uma pétala e a chegada da primavera, com a promessa do ciclo de renovação e florescimento, é uma metáfora luminosa para o momento criativo que chega a seu auge, quando o poema finalmente se torna completo e ganha vida própria.
    Em resumo, este poema celebra a paciência, a contemplação e o momento de revelação, como o florescimento da primavera que, embora subtil e misterioso, traz consigo a promessa de algo belo e renovado.
    A imagem muito a meu gosto, eu gosto muito de magnólias.
    Domingo Feliz.
    Deixo um beijo
    :)

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  5. Uma beleza de poema. Parabéns!!
    .
    Sentimentos...
    Beijos, e um Bom Fim de Semana

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  6. Boa tarde Emília
    A poesia é mesmo assim. São as palavras que germinam dentro de nós, onde o nosso sentir e as nossas emoções, as traduzem em poesia, em todas as suas dimensões.
    Gostei bastante.
    Deixo os votos de bom resto de domingo, e boa semana.

    Beijinhos, com carinho e amizade.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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  7. Sergio4/06/2025

    A génese de um poema requer tudo isso: tempo e paciência; esse broto que rompe é a nossa capacidade de olhar para algo de modo diferente. Interessante como a inspiração muitas vezes acontece nos momentos mais inesperados, quando dormimos ou sonhamos, ou quando damos asas à nossa imaginação, sonhando acordados. Que essa capacidade de ver o mundo interior e exterior com um olhar imaginário e fantástico permaneça em ti, e que muitas primaveras renovem o ciclo! Beijinhos

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  8. Poesia e primavera em canto seu a merecer um aplauso... Boa semana Emília!

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  9. Na primavera tudo renasce e as palavras do poema também. E têm um aroma incompreensível. Maravilhoso poema.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  10. Florido poema, Emília; como um jardim de sentimentos, perfuma o nosso coração! Meu abraço, amiga; boa semana.

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  11. Assim são os poemas: germinam em nossa alma, até que estejam prontos para desabrochar! Boa semana, Emília; meu abraço.

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  12. Lindo! O tempo necessário para que o poema floresçam e esplahe com os ventos novas moradas. Sigamos trazendo as estações com nossa sensibilidade cotidiana da vida. Bjsss
    Meu novo post:

    https://pensandoemfamilia.com.br/poesia/poetando-64/

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«Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar».C.L.