sábado, julho 16, 2022

Sobre o chão da terra desolada




Nas palavras, nem sempre o vento escreve o que quer.

À deriva, procura nos lugares recônditos, a luz 

que parece obscurecida pelas sombras das florestas,

onde outrora surgiam mananciais e hoje o fogo alastra.


Não há forma de escolher entre as chamas e o vento

o lugar das palavras que parecem afogadas nas cinzas.

Não há hora para ouvir a voz calma do vento e  a placidez

das chamas, dissimuladas pela ironia do vento.


Não chegou ainda o tempo de o Homem despertar

para a imagem que cada vez mais vai dizimando

as palavras que o vento espalha

sobre o chão da terra desolada.


Texto
Ailime
16.07.2022
Imagem Google






21 comentários:

  1. Linda poesia, tão triste ver o fogo novamente se alastrando! Uma pena! beijos, que consigam dominá-lo! beijos, chica

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  2. Bom fim de noite de sábado, querida amiga Ailime!
    Acompanhando os jornais, fico estarrecida com os fatos que estão alarmando nosso amado Portugal e outros.
    Ver o que amamos ser levado ao vento incendiário é dolorido.

    "Não há forma de escolher entre as chamas e o vento".

    Até nossas palavras são embargadas pelas cinzas.
    Um escrito poético emocionado.
    Tenha um final de semana abençoado num domingo feliz!
    Beijinhos com carinho fratenro
    😘🕊️💙💐

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  3. Um turbilhão de emoções negativas... É a vida...
    -
    Coisas de uma Vida

    Beijos, e um bom fim de semana.

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  4. Anónimo7/17/2022

    Um lindo poema a ecoar a dor da terra e o desprezo do Homem por ela, e no fundo, por si próprio. Não ouvimos a voz do vento que nos traz palavras de luz. Achamos que temos solução para tudo, a curto prazo. Esquecemos o longo prazo. É possível reverter tudo isto, mas a ordem mundial não quer. E nós, cegos e surdos, seguimos em frente, empurramos as novas gerações para um abismo onde não haverá mais palavras de luz trazidas pelo vento. Este poema é duro de ler mas nós precisamos de ler coisas duras para mudarmos de rota. Outro vento se impõe, cabe-nos a nós exigi-lo. Muitos beijos e obrigado por este teu trabalho. Sérgio

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  5. Um poema profundo no engajamento preciso, que a poesia tem de se manifestar remexendo todos os desmandos, todas as mazelas de uma sociedade alheia às coisas que deformam o homem e todo seu meio.
    Inspiração que dói no peito Ailime, mas que grita ao mundo.
    Beijo e bom domingo amiga.

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  6. As palavras afogadas nas cinzas. Um fogo que alastra por todo o lado. Pessoas que tudo perdem como se o vento escrevesse o destino que lhes cabe. O lamento da terra seca, ávida da chuva. O Homem sempre a cair no mesmo desleixo, na mesma indiferença. Belíssimo poema!
    Tudo de bom para ti, minha querida amiga.
    Um beijo.

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  7. Parabéns pela sua escrita.
    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  8. As chamas e o vento! Uma mistura explosiva,
    fala-nos o Inferno de Dante, neste mundo cada
    vez mais em efervescência. Tudo se vai na voragem
    de línguas de fogo.
    Poema que nos toca fundo, amiga Ailime.
    Beijinhos
    Olinda

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  9. Poema deslumbrante que me fascinou ler
    .
    Um domingo feliz.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  10. Bom dia, amiga Ailime,
    Poema ilustrativo, da terrível realidade dos incêndios.
    Muito bom.

    Votos de ótimo domingo!
    Beijinhos.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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  11. Um poema muito oportuno, o flagelo dos incêndios não nos larga.
    Excelente, gostei imenso.
    Boa semana, amiga Ailime,
    Beijo.

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  12. ... e assim, Ailime, o homem espalha a desolação do fogo, causando a sua própria desolação! :( Belo e oportuno post, amiga! Meu abraço, boa semana.

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  13. Boa tarde Ailime
    Um poema de cortar o coração, ao ver o flagelo que assola o nosso Portugal.
    Muito oportuno e real este trabalho poético.
    Boa semana com saúde!
    beijios
    :)

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  14. Olá Ailime,
    Passando por aqui, para agradecer a visita e gentil comentário no meu cantinho, e desejar a continuação de ótima semana.
    Beijinhos!

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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  15. Que bem o soube dizer, amiga Ailime! Palavras pertinentes, gritos de alma!

    Beijinhos e boa semana!

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  16. Impossível não nos sensibilizarmos que a situação. O vento leva tudo e o fogo se espalha, causando destruição sem reparos. Oportuno e belo poema. Bjs.

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  17. Gostei de reler este excelente poema.
    Continuação de boa semana, amiga Ailime.
    Um beijo.

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  18. Tão actual como se o teatro das palavras fossem personagens nas chamas e no vento! Belíssimo, Ailime
    bji

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  19. Olá, amiga Ailime, seu belo e sentido poema diz bem do grave problema que assona Portugal nesse tórrido verão.
    Aplausos para o sentido, mas belo poema.
    Um bom final de semana, esperando que o verão fique menos quente, no seu país, e na Europa.
    Beijo.

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  20. Uma realidade tão forte e lamentável, mas o seu poema retrata com beleza a cruel situação.
    Bjs

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«Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar».C.L.