Tela de Daniel Ridgway |
Procedemos do mesmo rio
que nos abraçou na nascente
e saltitámos de pedra em pedra
como rãs a coaxar
por entre juncos floridos
no pântano de sombras,
que silenciavam as tardes
daqueles dias em que o céu
vermelho como papoulas
abrasava o horizonte.
Como aves, de asas impelidas pelo vento,
voámos céleres no tempo
e atravessámos as mesmas pontes
a desbravar as margens
do rio que nos corria nas veias.
Um dia voaste e perdi-te o rasto.
Nessa manhã o rio transbordou
e um enorme lago separou-nos.
.....................................................
Inesperadamente voltaste
e o rio voltou a correr-te nas veias.
…………………………………..
Como as ondas do mar
(que sempre cingiram o rio)
ausentavas-te e volvias
como marés a vaguear na praia
as manhãs do
entardecer.
…………………………………….
Não sei se algum dia alcançarás
que somos filhas da mesma nascente,
que o sol que nos aquece é o mesmo,
que percorremos as mesmas ruas,
os mesmos sonhos e quereres.
Não sei se um dia,
algum dia,
saberás quem sou.
Saberás quem somos.
Texto
Ailime
Imagem Google
E o rio corre-nos nas veias como uma desordem nos "dias em que o céu
ResponderEliminarvermelho como papoulas abrasava o horizonte"... E transborda pelas margens na aflição da enchente...E continua a correr sobressaltado pela alma na hora dos afectos...
Que belo poema, minha amiga Ailime! Gostei imenso.
Um grande beijo.
Do começo ao fim, BELO! Palavras que soam ardentemente... Poema cheio de vida e expressões do peito...
ResponderEliminarUM BOM DIA... Começando a 5ª feira por aqui...
Beijinho
Boa tarde
ResponderEliminarFantástico, como sempre.
Dia feliz. Beijo!
Coisas de Uma Vida 172
Boa noite, querida amiga Ailime!
ResponderEliminarO jeito é nos 'escondermos' através das palavras...
Linda forma de extravasamento!
Bjm muito fraterno
O que sentimos pelos outros é sempre diferente do que os outros sentem por nós. Mas ainda bem que há marés que voltam a pôr os rios dentro das suas margens.
ResponderEliminarMagnífico poema, minha amiga, gostei imenso.
Ailime, tem um bom fim de semana.
Beijo.
Filhos da mesma nascente...afluentes do mesmo rio...tanta vez...fala a poetisa!
ResponderEliminarGostei... Bj
Belo, Ailime! E verdadeiro; às vezes, perdemo-nos tanto no rio que corre em nossas veias, que não reconhecemos os afluentes que correm a nosso lado. Boa semana, amiga; obrigado por mais este belo poema!
ResponderEliminarDo ventre até à foz
ResponderEliminarBj poeta
...e quis acompanhar o caudal do rio, mas perdi-me na envolvência da paisagem. É tudo com o que se sonha quando nos perguntamos o prquê de águas turvas.
ResponderEliminarBelíssimo, Ailime!
beijinho
Lindo e tão cheio de sensibilidade,Ailime!ADOREI!Faz bem pensar!!! beijos, tudo de bom, lindo dia! chica
ResponderEliminarLindas expressão de sensibilidades da alma. bjs
ResponderEliminarBoa semana, Ailime! Aguardo o próximo post.
ResponderEliminarBoa tarde Querida Ailime.
ResponderEliminarBela imagem e as suas palavras vindo do fundo de um coração sensível e cheio de amor. Lhe adimiro muito amiga. Enorme abraço.