Passavam pelo ar aves repentinas,
O cheiro da terra era fundo e amargo,
E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas.
Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
Era a carne das árvores elástica e dura,
Eram as gotas de sangue da resina
E as folhas em que a luz se descombina.
Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas do vento
Era o livre e luminoso chamamento
Da asa dos espaços fugitiva.
Eram os pinheirais onde o céu poisa,
Era o peso e era a cor de cada coisa,
A sua quietude, secretamente viva,
E a sua exalação afirmativa.
Era a verdade e a força do mar largo,
Cuja voz, quando se quebra, sobe,
Era o regresso sem fim e a claridade
Das praias onde a direito o vento corre.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Ailime
Imagem da Net
07.01.2012
Belíssima escolha poética.
ResponderEliminarAilime, querida amiga, tem um bom resto de domingo e uma boa semana.
Beijo.
Que lindo esse texto. A natureza sempre nós reservas coisas e sentimentos lindos. Adorei os versos.
ResponderEliminarDesejo uma semana imensa de coisas boas. Obrigada pelo carinho da amizade...Um abraço!
Que versos lindos Ailime, é a natureza sempre bela!
ResponderEliminarUm grande abraço.
Sophia continua entre nós através da sua incomparável poesia! Que bom partilhar contigo este delicioso momento!
ResponderEliminarBeijos,
AL