“Tanta gente…tanta gente… e ninguém…”!....
Não completou a frase soletrada num choro interior, que me fez saltar as lágrimas, segurando com alguma dificuldade um pequeno prato de plástico, que serve de base aos vasos de flores, no qual esperaria que alguém depositasse algumas moedas.
O prato estava vazio.
Eu tinha acabado de almoçar quando me cruzei com ele. Voltei atrás e olhei o seu rosto cavado por profundas rugas e não vi qualquer sinal de animosidade.
No arrastar do seu corpo curvo apenas notei o cansaço, sim um enorme cansaço num homem desgastado pela idade, muita idade, com muito sofrimento, com muitas desilusões certamente, mas a quem apenas ouvi a frase, que passadas algumas horas, ainda ecoa no meu coração:
“Tanta gente… tanta gente... e ninguém…”!
Ailime
Hoje, Lisboa (11.01.2011)
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