terça-feira, janeiro 29, 2013

Sinto-te na distância



Sinto-te na distância
Próxima do silêncio,
Como se uma aragem gélida
Quebrasse o fascínio
Dos verbos, que ousaste proferir,
E que o vento agora dissipa.

Não, não resgatarei as palavras
Que outrora pronunciaste,
Porque repousam inertes
Como lajes adormecidas
Num recanto de tempo
Que não ouso desbravar.


Ailime
18.01.2013
Imagem Google

sábado, janeiro 19, 2013

Oiço no vento


Wlliam Turner
Oiço no vento o rugir
 do mar
 Que brame na praia
 O pranto das sereias
 Envoltas em sargaços
Afundados nas marés.

E os barcos à deriva
Enrolados nas vagas
Naufragam na areia
O suor e as lágrimas
 da alma do povo.

Ailime
19.01.2013 
Imagem Google

sexta-feira, janeiro 11, 2013

Ah se eu pudesse

Van Gogh

Ah se eu pudesse dissipar as palavras numa gota de chuva,
As vozes trazidas por vendavais inusitados
Soariam a campos ondeados de trigais maduros
Num apoteótico bailado de metamorfoses.

E correria livremente pelas madrugadas
Envolta em primaveras multicolores
Na procura incessante de um anúncio
Que te abraçasse o futuro.

Ailime
11.01.2013
Imagem da net

sexta-feira, janeiro 04, 2013

Transporto no olhar



Transporto no olhar
 Um mar imenso de palavras
 Como rios a transbordar!

Do céu cinza inalo as nuvens de mil tons
 Nos sons da chuva
 Que salpicam o meu rosto
 E me transportam
 Aos recantos da alma
Entre véus de orvalhos
 Como teias bordadas
 Transparentes de luz.

Vagueio num arco-íris
 Que me abraça e ilumina
 Neste amanhecer transbordante de paz.

E as árvores, imponentes na sua nudez,
Estendem os galhos
Numa invocação ao infinito.


Ailime
04.01.2013
Imagem da Net

sexta-feira, dezembro 28, 2012

Folhas ressequidas



Percorro-te nas ruas do desassossego
e apenas sombras me cercam
na vertigem da cidade
que nunca me pertenceu.

E as árvores gotejam
no orvalho das manhãs
as folhas ressequidas
que o vento espalhou.

Um galho agita-se
e espreita o horizonte
na busca incessante da luz
que o renovará.


Para todos desejo um bom Ano de 2013 com muita saúde, amor e paz !

Ailime
28.12.2012

sexta-feira, dezembro 21, 2012

Poema de Natal

 Hoje partilho este poema de Vitorino Nemésio que li há dias e que me tocou vivamente .
 Aproveito para agradecer a gentileza das vossas visitas e comentários ao longo do ano e desejar-vos e aos vossos familiares e amigos um FELIZ NATAL com muito amor e paz nos corações. Ailime

Hendrick Avercamp,

Natal chique

Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo


VITORINO NEMÉSIO

21.12.2012
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sábado, dezembro 15, 2012

Teço com as palavras



Teço com as palavras
Versos ininteligíveis
Num universo de luz
Que transpõem o tempo
E se detêm na imensidão
De maresias longínquas
Em areais de esperança.

E apreendo do horizonte
No brilho das estrelas
O som do vento
Das noites frias
Que prenuncia
O resplendor da vida.


Ailime
14.12.2012
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sábado, dezembro 08, 2012

Escuta a voz do silêncio



Escuta a voz do silêncio
E caminha sem medo
Não há desertos
Que te esmaguem
Mas apenas veredas por desbravar
E há pontes
E mares
Que precisas descobrir e encontrar
O mundo prolonga-se
Para além de ti
Não te cinjas ao que não és
Desbrava horizontes
Procura a luz por entre os teus muros
E novos caminhos
Lograrás.

Texto e foto
Ailime
08.12.2012

domingo, dezembro 02, 2012

As sombras do Outono



As sombras do outono
Divagam no silêncio das folhas
Caídas e dispersas
No chão da calçada,
Corroído pelas intempéries
Voláteis do tempo.

E enquanto o inverno
Não as aprisionar
Numa gota de chuva balsâmica
Deixam-se envolver
Pela luz do entardecer.



Ailime
02.12.2012
Imagem da Net

sexta-feira, novembro 23, 2012

Olhar


Edgar Degas

Desço a rua e observo-te
Na escassez do vento
Que não ouves.

Trazes no olhar o vazio
De quem não entende
As vozes do mar.

Cinjo-te como penas
Que esvoaçam indiferentes
Na aurora doída.

Na praia a maresia
Nublada de areia
Afasta os corais para longe.


 Ailime
23.11.2012
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