sábado, julho 26, 2025

Na imensidão do silêncio profundo

 Pixabay



Na imensidão do silêncio profundo,

que me paralisa o pensamento

e me impede  de ver o dia claro, 

ouço a tua voz

que me liberta desta penumbra

e auxilia na libertação das palavras,

presas dentro de mim.

Um pássaro levanta voo

e corta o horizonte com um sopro,

anunciando a chegada do amanhecer.


Emília Simões
26.07.2025


sábado, julho 19, 2025

Sentada sobre o passado

 

Aviv Muzi


Sentada sobre o passado relembro histórias
que me despertam emoções 
vividas ou sentidas, que hoje apenas revivo.
Outrora vivi, cresci, rodeada de flores,
livros e folhas balançando ao vento,
que me anunciavam novos universos
e novas formas diferentes de estar e viver,
que não me deixaram maravilhada.
O mundo que conhecia tinha claridade
e tudo ao meu redor era puro.
Águas frescas e cristalinas,
prados verdes e flores silvestres,
aromas a estevas e pinheiros bravos,
e frutas maduras, que colhia das árvores.
Rios de águas límpidas,
onde barcos deslizavam suavemente,
como brisas leves pelas margens.
A natureza era um reino onde libertava
as minhas fantasias de criança
e me sentia livre e longe do espetro
de guerras e calamidades.
Naquela época, parecia que o mundo
era só meu.
Hoje, apenas memórias e saudades
habitam profundamente em mim.


Texto
@Emília Simões
2025.07.19

sábado, julho 12, 2025

Hoje não escrevo


Hoje não escrevo.

Não me apetece.

Passeio ao ar livre e fresco

e deixo que as palavras

se escoem no tempo

e se enleiem nas folhas

e no canto dos pássaros.

À margem de mim,

à margem dos meus sentidos,

dos meus sonhos.

Nas margens do meu rio.


Texto e foto
Emília Simões
10.07.2025

sábado, julho 05, 2025

Madrugada, noite escura

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Madrugada, noite escura,

um trilho, um desvio,

uma detonação.

Dois pássaros tombam

na noite em chamas,

ao raiar do dia

sem luz, na penumbra

de um porvir extinto.

Entre as cinzas

o vazio,

a incredibilidade,

a dor, o pranto.

O mundo desabou.

No ventre materno

o coração geme de dor.

( A minha humilde e sentida homenagem
aos dois manos, família e amigos).

Texto 
Emília Simões
05.07.2025




sábado, junho 28, 2025

Na agitação do mundo

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Na agitação do mundo
em que a paz anda ausente,
será que a poesia ainda 
encontra espaço no nosso pensamento,
nas nossas mãos, no nosso olhar?
Questiono-me e as palavras
parecem colar-se à minha garganta
e permanecem presas na língua.
Uma intensa secura apodera-se de mim,
assemelhando-se a um deserto sem oásis.
O silêncio invade profundamente o meu âmago
e fico a cismar sobre o destino
do Planeta que habitamos,
cada vez mais contaminado
e marcado pelos resquícios das guerras.
A poesia terá força para resistir                                            
e contribuir para um mundo renovado?
O meu pensamento conseguirá soltar-se
e proporcionar liberdade à criatividade?
Será que a minha cisma é apenas momentânea?



Texto
@Emília Simões
28.06.2025




sábado, junho 21, 2025

Abraçar o verão


Na minha quietude
procuro refúgio entre sombras e flores,
sob o sol que arde fortemente
incendiando-me o olhar e o pensamento.
O meu corpo, lento, arrasta-se
como asa ferida, de ave em sobressalto.
A travessia é difícil; a sede seca-me os lábios.
As palavras emudecidas
não localizam o caminho até à fonte.
O suor  molha-me o rosto, todo o corpo.
O silêncio incita-me a resistir
e a abraçar o verão.


Texto e foto
@Emília Simões
21.06.2025




sábado, junho 14, 2025

Na solidão dos dias

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Na solidão dos dias a minha mente viaja
para um tempo em que o mundo era puro
habitado por gentes simples e com um sol mais radiante.

Nas correntes de águas límpidas viam-se cardumes de peixes
que se moviam com graça e suavidade.

A lua e as estrelas cintilavam no céu
e a noite era um cenário majestoso e belo.

Nos campos flores de mil tonalidades
sorriam-me sempre que me debruçava para as apreciar.

Era uma época de quase nada,
porém oferecia quase tudo em termos de beleza, cor e harmonia.

Gestos singelos mitigavam  dores e sedes,
em amistosos convívios nas sombras, dos dias quentes de verão.

A palavra guerra não existia.
A amizade, a entreajuda, as risadas e brincadeiras
ajudavam a amenizar períodos de trabalho árduo,
mas a respiração era leve.

Texto
@Emília Simões
14.06.2025

sábado, junho 07, 2025

Em silêncio escuto o universo

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Em silêncio escuto o universo.

As sombras sussurram o medo

sufocadas por trevas sem fim,

que refletem nos escombros

a vergonha da humanidade.


Os pássaros deixaram de cantar

a melodia do alvorecer;

enfileirados num galho,

estáticos, não ousam acordar.


Num movimento incessante

passos sem corpos cruzam-se

no vazio da noite,

num mundo transmutado.


Chegou o momento de despertar,

de abraçar as luzes

que dissipam a escuridão

e alimentam os sonhos.


Texto
@Emília Simões
07.06.2025

sábado, maio 31, 2025

As palavras tardam

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As palavras tardam no reverso do verso.

O silêncio abriga-as e recolhidas não se soltam,

coladas à garganta, que sufocada pela inação,

não as deixa fluir.

A minha voz, cada vez mais rouca,

imperceptível, não soletra nenhuma palavra,

nem uma sílaba, uma letra sequer.

Na minha angústia brado ao vento 

que me sopre uma brisa, um novo alento,

que me deixe respirar as palavras.

Num instante os sentidos despertam.

As palavras brotam e com elas 

novos versos, novas rimas, preenchem

o meu vazio e a essência é revelada.


Texto
@Emília Simões
31.05.2025



sábado, maio 24, 2025

Permite que a luz

Fotos de stock

Permite que a luz penetre a minha sombra
e liberte os destroços que me levam à queda
nos abismos, que cruzam os meus percursos.


Permite que o meu olhar se estenda até ao horizonte
para apreciar o voo das aves
na melodia do entardecer, que acolho no meu peito.


Permite que o meu sonho se expanda ao longo daquela estrada
por onde caminho descalça e sozinha,
onde apenas procuro o pulsar de uma emoção.


Permite que seja apenas eu e o calor do teu abraço.

Texto 
@Emília Simões
24.05.2025