O silêncio de minha mãe

Oiço-te ainda a chorar baixinho,

Quando criança.

Uma vez e outra

Eu te perguntava: "O que tens, mãe"?

E tu, invariavelmente,

Serenavas-me, dizendo: - “não tenho nada”!

E eu sei que sofrias!

Relembro todo aquele tempo…

Mãe!

Algo te perturbava…

E, ainda hoje, não sei o que te atormentava, mãe…

Ailime

04.05.2008

(Reposição: in Rota Diferente)

27.02.2011

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Sinto-te na chuva

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Neste mar que escorre

Por entre os meus dedos

Sinto-te na chuva

Que inunda

Os espaços

Sofridos

Da tua solidão

E fixo o olhar

Nas árvores desnudas

Como corpos esguios

De braços erguidos
Ressequidos
Famintos

Estendidos no chão

À revelia da

Iniquidade

Cega

Que finge

Que não és.

Ailime
13.02.2011
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A Hora da Partida

«A hora da partida soa quando

Escurece o jardim e o vento passa,

Estala o chão e as portas batem, quando

A noite cada nó em si deslaça.

A hora da partida soa quando

as árvores parecem inspiradas

Como se tudo nelas germinasse.

Soa quando no fundo dos espelhos

Me é estranha e longínqua a minha face

E de mim se desprende a minha vida.»

 Sophia de Mello Breyner Adresen

Ailime

06.02.2011

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