sexta-feira, novembro 28, 2014

A manhã sucumbe


A manhã sucumbe sob a claridade dos pássaros
e o outono recorta nas folhas o frio do inverno.
Muros desabam e desatam algemas de inanição
em evasivas alcandoradas no tempo e no espaço.
Os garrotes estrangulam-te na garganta a esperança
e os barcos arremessam ao mar os mastros
que baloiçam alvejados por relâmpagos.
Na praia gaivotas feridas libertam as marés.

28.11.2014

Ailime
(Imagem Google)

sexta-feira, novembro 21, 2014

Recordo-te

Tela de Daniel Ridgway
Recordo-te nos frutos maduros do outono
E nas manhãs orvalhadas pelo frio
Que antecipava o Natal

Mas era Novembro
E o rio lá em baixo
Acenava-te a vida
Iluminava-te o olhar

Não te vás embora
O rio ainda corre e chama por ti
Olha o sol a entrar pela janela
Olha a chama acesa na alma

O Natal não aconteceu
E o rio lá em baixo subiu

Subiu e desaguou em mim
O leito feito dor
Que ainda hoje goteja nas margens
O azul da saudade.

Era Novembro, era quase Natal.


Ailime
05.11.2013
(21.11.95)
(Reposição)

sábado, novembro 08, 2014

O barco

Tela de Maria José de Bragança

As palavras em que te invento
São como gotas de chuva
Que ao raiar da manhã
Poisam como pingos de mel
Num mar de verdes musgos
Que nos acaricia e impele
Como uma luz a sorrir
Neste barco que é tão nosso.

Texto 
Ailime
08.11.2014

domingo, novembro 02, 2014

Margens



Há um rio que em novembro
me escorre na alma a saudade dos dias
quando o presente e o futuro
se confundiam nas tardes
e a brisa nos afagava os rostos
reflectidos nas margens
que jamais apagarão a tua ausência.


(Em memória da minha avó)
(Abril 1907- Nov. 1995)
Texto e foto
Ailime
02.11.2014