domingo, setembro 30, 2012

Folhas...



Desejava alisar as pedras da calçada
Em rodopio que só nós entendêssemos,
Que nos auxiliasse a caminhar
Neste deambular inconstante.

E no olhar embaciado
Que o tempo vitrifica
Enxergar uma nova luz
Num anúncio de primavera.

Mas a tarde cai sonâmbula
Em crepúsculo anunciado
E a folhas caem e atapetam
O jardim que habita em nós.


30.09.2012
Ailime
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terça-feira, setembro 25, 2012

O outono



O outono rasgou o horizonte
E instalou-se nas palavras
Impressas em folhas amarelecidas
Por ténues fios de luz.

O vento dissipa-as
Rasgando as memórias
Embutidas no tempo
Que lentamente se esvai.

Resta o tom dourado
Que insiste em deter-se
Nas encostas debruadas
Por ecos imutáveis.

Ailime
25.09.2012
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quinta-feira, setembro 20, 2012

Nas margens do meu rio



Nas margens do meu rio
Por entre seixos e grama
Vou percorrendo o tempo
Com o olhar vão de esperança.

Neste entardecer constante
Nas margens do meu rio
Fico aprisionada na sombra
De um alvorecer distante.

Ailime
(07.02.2010)
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quarta-feira, setembro 12, 2012

Observo-te


Observo-te nas paredes nuas e frias
Do quarto
Onde nem sequer a luz
Te abraça a solidão.

A tua alma sangra a dor
Pela vida espinhosa
De suor e lágrimas
Que ninguém aliviou.

E no teu rosto sulcado pelo sal
(Por mil prantos que já esqueceste)
Enxergo um sorriso ténue
Envolvido em amor
Que te ilumina o semblante
E me aponta o caminho.

Ailime
12.09.2012
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sábado, setembro 08, 2012

O jardim



O jardim, o meu pequeno jardim
Está gélido no calor que o dizima
Neste estio prolongado.

As pétalas das flores perfumadas
Pelo orvalho das manhãs
Estão murchas pela iniquidade
Dos jardineiros que não cuidam
Do meu jardim.

E as plantas gemem,
Empalidecem
E definham
Na sua seiva ferida.

O meu jardim já não é
O mar, o sol e as manhãs
Do meu alvorecer.


Ailime
08.09.2012
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terça-feira, setembro 04, 2012

Nos declives



Nos declives das montanhas
Escorrem águas poluídas
Pelo sal amargo dos dias
Que alastram cinzentos
Nas manhãs de primavera.

E nos trilhos que percorro
Resvalo por entre sombras
Que me cingem e vaticinam
Nascentes de água límpida
No anoitecer de ti.


Ailime
04.09.2012
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