sábado, junho 23, 2018

Ainda há dias era natal



Ainda há dias era natal
e o frio tolhia-me os movimentos,
calava-me a voz, que um grito libertou.
O teu olhar, pai, quedou-se nesse instante
em que já não me enxergavas
e eu não queria entender
que a tua vida se extinguia,
que o teu torpor era real.
Era natal, pai,
e tanto que ainda me dói
a evasão do teu olhar
onde o rio ....havia brilhado de tanto azul.
O tempo parou nesse instante
e aprisionou-me os sentidos, a minha vida.
Nunca mais vou poder ver, pai,
o rio a sorrir-te nos olhos.


Texto e foto
Ailime
19.06.2018




domingo, junho 17, 2018

No meu chão


No meu chão escasso em palavras
ausculto o vento que me segreda
a poesia escrita nas folhas
dependuradas das árvores
neste estio que me atordoa
como se amanhecesse tardiamente
e a luz se escoasse por entre os meus dedos
nas sombras ávidas de silêncio.
 ...
Neste meu murmúrio inaudível
apenas as aves me acenam o amanhã.  


Texto
Ailime
30.05.2017
Imagem Google

(Reedição)

sábado, junho 02, 2018

Ainda há pouco a madrugada



Ainda há pouco a madrugada
me nascia nos olhos as cores do sol-nado.
O rio, límpido, como hoje não é
sorria nas margens o silêncio das águas
que, profundas, corriam ao sabor do vento
que as ondeava como searas a balouçar
na lezíria, ainda adormecida pelo orvalho da noite.
Ao entardecer, que surgia de mansinho,
o meu rosto, baço, como vidro cendrado
aquietava-se, como se a beleza do sol-posto
fosse apenas uma quimera.



Poema
Ailime
02.05.2018
Imagem Google