Caminho sem sentido tentando abstrair-me dos trajetos, que tantas vezes trilhámos juntas!
O que mais apreciava eram os ribeiros de águas límpidas, onde mergulhavas as mãos e o coração.
Nas águas geladas brilhando ao sol, quente de inverno, a tua silhueta resplandecia de emoção e amor.
Ainda me recordo das laranjas que caíam junto à margem do ribeiro grande e que me deliciavam.
Sempre gostei de laranjas. Hoje o ribeiro está seco e não sei se ainda existem laranjeiras no velho pomar.
Mas sabes uma coisa? Do que tenho mesmo saudades é das filhoses que fazias à lareira no tacho grande, na noite de Natal!
Quando passo à tua porta, parece que ainda sinto o aroma da canela e do açúcar com que as polvilhavas.
Como eram boas as tuas filhoses! Nunca mais comi nenhuma igual. Hoje há tantos, tantos sabores, que me confundem.
Paro um pouco e apenas desertos se estendem à minha frente e uma neblina cai sobre o rio.
O rio, o rio das minhas lembranças, que tudo guarda e tudo revela.
Desejo a todos um Feliz Ano Novo com saúde e paz!
Ailime
30.12.2023