sexta-feira, dezembro 28, 2012

Folhas ressequidas



Percorro-te nas ruas do desassossego
e apenas sombras me cercam
na vertigem da cidade
que nunca me pertenceu.

E as árvores gotejam
no orvalho das manhãs
as folhas ressequidas
que o vento espalhou.

Um galho agita-se
e espreita o horizonte
na busca incessante da luz
que o renovará.


Para todos desejo um bom Ano de 2013 com muita saúde, amor e paz !

Ailime
28.12.2012

sexta-feira, dezembro 21, 2012

Poema de Natal

 Hoje partilho este poema de Vitorino Nemésio que li há dias e que me tocou vivamente .
 Aproveito para agradecer a gentileza das vossas visitas e comentários ao longo do ano e desejar-vos e aos vossos familiares e amigos um FELIZ NATAL com muito amor e paz nos corações. Ailime

Hendrick Avercamp,

Natal chique

Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo


VITORINO NEMÉSIO

21.12.2012
Imagem da Net


sábado, dezembro 15, 2012

Teço com as palavras



Teço com as palavras
Versos ininteligíveis
Num universo de luz
Que transpõem o tempo
E se detêm na imensidão
De maresias longínquas
Em areais de esperança.

E apreendo do horizonte
No brilho das estrelas
O som do vento
Das noites frias
Que prenuncia
O resplendor da vida.


Ailime
14.12.2012
Imagem da Net

sábado, dezembro 08, 2012

Escuta a voz do silêncio



Escuta a voz do silêncio
E caminha sem medo
Não há desertos
Que te esmaguem
Mas apenas veredas por desbravar
E há pontes
E mares
Que precisas descobrir e encontrar
O mundo prolonga-se
Para além de ti
Não te cinjas ao que não és
Desbrava horizontes
Procura a luz por entre os teus muros
E novos caminhos
Lograrás.

Texto e foto
Ailime
08.12.2012

domingo, dezembro 02, 2012

As sombras do Outono



As sombras do outono
Divagam no silêncio das folhas
Caídas e dispersas
No chão da calçada,
Corroído pelas intempéries
Voláteis do tempo.

E enquanto o inverno
Não as aprisionar
Numa gota de chuva balsâmica
Deixam-se envolver
Pela luz do entardecer.



Ailime
02.12.2012
Imagem da Net

sexta-feira, novembro 23, 2012

Olhar


Edgar Degas

Desço a rua e observo-te
Na escassez do vento
Que não ouves.

Trazes no olhar o vazio
De quem não entende
As vozes do mar.

Cinjo-te como penas
Que esvoaçam indiferentes
Na aurora doída.

Na praia a maresia
Nublada de areia
Afasta os corais para longe.


 Ailime
23.11.2012
Imagem da Net

quarta-feira, novembro 21, 2012

É Outono avó



É Outono avó…
E as folhas continuam a cair.
O meu coração transborda de emoções
Nas memórias do nosso tempo.
O vento sopra e ouço ao longe
O eco da tua voz a chamar-me
Como se me quisesses dar colo outra vez.
- Sim avó, eu vou já.
Deixa-me brincar mais um pouco,
Deixa-me ficar contigo
À lareira onde o fogo crepita
A chama do teu amor.
Em Novembro, daqui a dias…. (foi hoje)
Deixaste-me num mar imenso
De onde ainda emergem
As gotículas que durante horas a fio
Teimavam em soltar-se desse mar.
Sim, eu sei que aquela estrela
Que observo em cada manhã
É a tua alma a brilhar, a sorrir
Para me dar alento, para me consolar.
Sim, avó, vou tentar que o mar não
Me alague de novo.
Vou estar aqui a recordar-te.
Sim, a recordar-te sempre,
Até que nos voltemos a encontrar.

Ailime
19.11.2010
(Reposição)


sexta-feira, novembro 16, 2012

O mar




Oh! mar de beleza infinita
Transportas nas ondas beijos de espuma
Submersos nas marés de quem viaja
Ao sabor das tuas águas
Ora agitadas ora serenas.

És temido e amado
Separas e aproximas
E enrolas na alma
Uma agitação estranha
De quem te respeita e ama.

Oh! mar azul ou verde ou cinzento
Deixa que o sol me embale
Nas tuas ondas de areia.

Ailime
16.11.2012
Imagem da Net

quarta-feira, novembro 14, 2012

Ouço-te



Ouço-te no orvalho das manhãs
 E inspiro o aroma do alecrim
 No sabor das amoras silvestres
Que perpetuaram em mim
Todos os aromas da terra.

E nos sulcos do teu rosto
Tisnado pelo sol escaldante
Escorriam lágrimas de sal
Que na tua humildade
Transformaste em pérolas de amor.


Ailime
14.11.2012
Imagem da Net


sábado, novembro 10, 2012

Viajo no tempo



Agora apenas viajo no tempo
 Das memórias que me moldaram
Na descoberta dum mundo, ilusório,
 Que ainda não alcanço.

E resvalo por entre espirais
 De águas insípidas
 Em mares revoltos
 Por tempestades
Açoitadas pelo vento.

Num espaço que não me pertence
Tento consolidar o meu sentir
Nessas evocações
Como apelo à edificação
Do futuro que é hoje.


10.11.2012
 Ailime
Imagem da Net

sábado, novembro 03, 2012

Era quase Natal



Na sala quase vazia
De paredes nuas e brancas
Como a luz do luar que já não vês
Ressurgem os ecos de outrora
Do tempo que era nosso
No crepitar das chamas
Da lareira que agora é cinza.

Evocar-te-ei sempre,
Porque em Novembro, daqui a dias,
Separámo-nos por uns instantes,
Naquele dia tão frio,
Porque era quase Natal. Lembras-te?
...
(E, lá em baixo, o rio também soluçou.)

Ailime
03.11.2012
Imagem da Net

domingo, outubro 28, 2012

Em suaves murmúrios



Em suaves murmúrios  
O vento arrasta as folhas
E afasta o outono
Para recantos de outrora
Onde as minhas lembranças
Se propagam no tempo
E se mantêm incorruptíveis
No âmago da Terra.

Ailime
28.10.2012
Imagem da Net

quarta-feira, outubro 24, 2012

Sinto-te na chuva




Neste mar que escorre
Por entre os meus dedos
Sinto-te na chuva
Que inunda
Os espaços sofridos
Da tua solidão.
E fixo o olhar
Nas árvores desnudas
Como corpos esguios
De braços erguidos
Ressequidos,
Famintos
Estendidos no chão,
À revelia
Da iniquidade
Cega
Que finge
Que não és.

Ailime
(Reposição)
13.02.2011
Imagem cedida pela Net


domingo, outubro 21, 2012

Deixo que as palavras



Deixo que as palavras resvalem
E teçam fios de madrugada
Na luz suspensa dos sóis,
Que me envolvem a alma
Na quietude dos dias. 

E porque entendo o teu pranto
Que não ousas divulgar
Acolho-o,
Como uma teia de luz
Envolto nas palavras
E, qual tesouro escondido,
Abrigo-o com o olhar.

Ailime
20.10.2012
Imagem da Net

segunda-feira, outubro 15, 2012

Luz opaca



Tudo se passa de forma rígida
Incrivelmente disforme na forma
E na solução.

E ouço gemidos
E fomes que o vento traz
Em folhas gastas e desmedidas
De outros tempos,
Que rasgam os ventres
Dilaceram as almas
Destroem os sonhos
Esmagados em muros
De férrea obstinação.

E o meu tempo esvai-se…
Numa luz opaca
Que me cerceia o olhar
E me restringe o caminho.

Ailime
15.10.2012
Imagem da Net

segunda-feira, outubro 08, 2012

Pergunto ao mar



Pergunto ao mar, 
Porque salpica os rostos
Com orvalhos de lonjura
Na escassez do tempo,
Que se arrasta
Nas lembranças
Marcadas na história
Dos ventos,
Que cedem ao tempo
E corrompem os sentidos
De vivências cristalinas.

…E o mar
Responde-me
Que  apenas afaga
A solidão e o vazio
Instalados nos olhares
Envoltos nas sombras
Desconexas da existência.

Ailime
07.10.2012
Imagem da Net



domingo, setembro 30, 2012

Folhas...



Desejava alisar as pedras da calçada
Em rodopio que só nós entendêssemos,
Que nos auxiliasse a caminhar
Neste deambular inconstante.

E no olhar embaciado
Que o tempo vitrifica
Enxergar uma nova luz
Num anúncio de primavera.

Mas a tarde cai sonâmbula
Em crepúsculo anunciado
E a folhas caem e atapetam
O jardim que habita em nós.


30.09.2012
Ailime
Imagem da Net

terça-feira, setembro 25, 2012

O outono



O outono rasgou o horizonte
E instalou-se nas palavras
Impressas em folhas amarelecidas
Por ténues fios de luz.

O vento dissipa-as
Rasgando as memórias
Embutidas no tempo
Que lentamente se esvai.

Resta o tom dourado
Que insiste em deter-se
Nas encostas debruadas
Por ecos imutáveis.

Ailime
25.09.2012
Imagem da Net

quinta-feira, setembro 20, 2012

Nas margens do meu rio



Nas margens do meu rio
Por entre seixos e grama
Vou percorrendo o tempo
Com o olhar vão de esperança.

Neste entardecer constante
Nas margens do meu rio
Fico aprisionada na sombra
De um alvorecer distante.

Ailime
(07.02.2010)
Imagem da Net

quarta-feira, setembro 12, 2012

Observo-te


Observo-te nas paredes nuas e frias
Do quarto
Onde nem sequer a luz
Te abraça a solidão.

A tua alma sangra a dor
Pela vida espinhosa
De suor e lágrimas
Que ninguém aliviou.

E no teu rosto sulcado pelo sal
(Por mil prantos que já esqueceste)
Enxergo um sorriso ténue
Envolvido em amor
Que te ilumina o semblante
E me aponta o caminho.

Ailime
12.09.2012
Imagem da Net


sábado, setembro 08, 2012

O jardim



O jardim, o meu pequeno jardim
Está gélido no calor que o dizima
Neste estio prolongado.

As pétalas das flores perfumadas
Pelo orvalho das manhãs
Estão murchas pela iniquidade
Dos jardineiros que não cuidam
Do meu jardim.

E as plantas gemem,
Empalidecem
E definham
Na sua seiva ferida.

O meu jardim já não é
O mar, o sol e as manhãs
Do meu alvorecer.


Ailime
08.09.2012
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terça-feira, setembro 04, 2012

Nos declives



Nos declives das montanhas
Escorrem águas poluídas
Pelo sal amargo dos dias
Que alastram cinzentos
Nas manhãs de primavera.

E nos trilhos que percorro
Resvalo por entre sombras
Que me cingem e vaticinam
Nascentes de água límpida
No anoitecer de ti.


Ailime
04.09.2012
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terça-feira, agosto 28, 2012

E o mundo ainda tão longe



Na geada da minha infância
No teu colo sentada,
O mundo ainda tão longe...

Sentia-me aconchegada
No calor do teu peito,
Ouvindo o crepitar do fogo
Da lareira onde agora
Repousam apenas as cinzas,
Do braseiro que ateavas.

E o mundo ainda tão longe...


Ailime
30.01.2010
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quinta-feira, agosto 23, 2012

Rimas imperfeitas


As palavras que concebo

São rimas imperfeitas

De silêncios consumidos

Resgatados à maresia

Oriunda de oceanos remotos.

Na areia fria da praia

Por entre a espuma das vagas

Aguardam que o poeta

As aprisione e transforme

Em sublime canto de amor.


Ailime
Junho/2011
(modificado)
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terça-feira, agosto 14, 2012

Diviso por entre as ramagens



Diviso por entre as ramagens

Camufladas por neblinas

Ventos que não sopram

A favor da bonomia.

E incautas tempestades

De aridez insana e profunda

Aniquilam a esperança

De almas angustiadas,

Na travessia dos desertos

Que alastram e esmagam

A dignidade humana.


Ailime
14.08.2012
 Imagem da Net

sexta-feira, agosto 10, 2012

Aromas silvestres




Recordo os campos em flor
Por onde viajava contigo
E as bermas dos caminhos
Onde o cheiro das estevas e do pinho
Num inconfundível universo
De aromas silvestres
Me incutiam a alegria
Da tua presença constante.

Nas memórias do tempo
Evoco-te; e experimento ainda
Em júbilo transbordante
O bálsamo incomparável
Que se desprende de ti.


Nov/2011
Ailime
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sábado, agosto 04, 2012

Nas searas douradas



Nas searas douradas
De planícies fecundas
Matizadas pelo suor
Que te aspergia a alma
Doaste-te em amor
E do teu sangue
A semente se fez fruto.

02.08.2012
Ailime
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terça-feira, julho 24, 2012

Um olhar



Hoje abraço no tempo
Este tempo que é nosso
E se renova a cada instante
Sempre que no teu olhar
Encontro a minha alma.

24 de Julho
Ailime
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sábado, julho 21, 2012

Liberto a minha alma


Liberto a minha alma
No som do silêncio
Que me envolve
E percorro o tempo
Serenamente
Sondando a infinidade
Na imperceptível espera
Da auscultação
Da sílaba
Ocultada nas palavras.


Ailime/ Abril 2010
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sábado, julho 14, 2012

Fios de luz



Inalo o bálsamo do universo
No pólen das estrelas
Que aromatizam os dias
Dos trilhos que percorro
Ao amanhecer.

E dos picos das montanhas
Escorrem fios de luz
Como ecos esbatidos
Que me pressagiam
O entardecer.

 Ailime
Julho/2012
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domingo, julho 08, 2012

Deixa-me contar-te histórias




Deixa-me contar-te histórias
Sobre as aves mais belas do universo
E correr de novo pelas praias
Nos dias em que amanhecemos
A contemplar a beleza do mar.

Deixa-me sentir de novo
Os sorrisos e as gargalhadas
Puros como finos cristais
Oferecidos como fascínio
De inocência incólume.

Vamos folgar livremente
Pelos campos ainda bravios
Onde as flores de mil cores
Nos aguardam nos aromas
Impregnados de saudade.

Ailime
20.05.2011
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domingo, julho 01, 2012

Da terra seca e árida



Da terra seca e árida
Onde outrora o trigo foi pão
Há-de  jorrar uma fonte
De águas cristalinas. 

Sementes trazidas pelo vento
Irão morrer na terra
E novas flores de trigo
Virão adornar o meu chão.

(Reposição) 
Ailime
15.08.2010
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