De Abril falavam os teus gestos,
No suor que o teu rosto
Pingava nas mãos
Calejadas pela enxada,
Com que trabalhavas o pão.
Nunca te vi triste
Nem amargurado;
Amavas a terra, mas
Sabias-te explorado.
Do lagar de azeite, onde
Da azeitona emergia a luz
Que te iluminava o olhar
Guardo o teu enorme labor.
Eras humilde como grandioso
Nos teus gestos de simplicidade
Com que amavas as gentes e a gente.
Em terra inculta, eras culto
E contigo as primeiras letras
E os primeiros livros.
(Da Gulbenkian pois, que lá em baixo
Passava a Biblioteca itinerante)
E lê e olha aquele livro e o outro.
Os teus gestos germinaram,
Em muito amor e carinho,
Por nós, pela tua gente.
Em Abril, recordo-te
Nos teus gestos,
No teu amor,
No brilho esperançoso do teu olhar!
Neste "pote" que me legaste
Continuam bem vivos
Na cor vermelha dos cravos,
Os teus gestos de amor,
em Paz e harmonia.
Obrigada, Avô!
Texto e foto
Ailime
21 Abril de 2014
(Este texto é dedicado
ao meu avô materno falecido
em Agosto/1997)