segunda-feira, fevereiro 28, 2022

Nem tudo nos dias é claro


Michel Leah Keck



Há dias iguais,
mas  há dias mais iguais que outros
quando os silêncios percorrem a noite
e os pássaros voam mais alto.

Tudo nos dias é fugaz
e nem sequer  as lembranças
trazem à tona os rios nelas imergentes.

Há dias iguais
mas  há dias mais iguais que outros
quando o mar agitado empurra a nau
que se desmorona na escarpa.

Nem tudo nos dias é claro,
porque apenas os lobrigamos
nas ferozes tenazes da guerra.


Texto 
Ailime
28.02.2022
Imagem Google

segunda-feira, fevereiro 21, 2022

Pé ante pé

(Desconheço o autor)

 

Pé ante pé percorro cada instante em silêncio

e vou desenhando com as pontas dos dedos

pedaços de céu e primavera  nas folhas e flores

que brilham nas escarpas ao sol,

onde gravo os meus pensamentos

como se as pedras tivessem vida por dentro.

Assim vou construindo as minhas imagens,

que os pássaros vão desconstruindo

nos seus voos rasantes e céleres

debruçados na solidão das tardes.


Texto
Ailime
21.02.2022
Imagem Google



segunda-feira, fevereiro 14, 2022

Nas asas do vento



Nas asas do vento                        

ouves o meu canto

que te fala de amor.

Não de um amor qualquer.

Um amor que se rasga no tempo,

que se imprime nas pedras

quando passeamos descalços

a olhar o mar,

que nos acaricia com a espuma

das ondas que, ufanas,

serpenteiam as escarpas

do nosso ser.

No esplendor das águas 

desbravamos  horizontes

até ao entardecer.



Texto
Ailime
13.02.2022
Imagem Google

terça-feira, fevereiro 08, 2022

Leves são os teus passos

Vladimir Volegov

Caminhas como se o vento te impelisse.

Leves são os teus passos

quando atravessas as sombras do medo

no sombrio atalho.

Nada detém o teu olhar

que te mostra um mundo novo

a rodear-te de luz e cor

nas manhãs primaveris

em que os pássaros avoaçam

e te acenam a claridade dos dias. 

 

Texto
Ailime
08.02.2022

terça-feira, fevereiro 01, 2022

As raízes permanecem

Francesco Mangialardi


Passo à tua casa e não te enxergo.

Por dentro as paredes ainda têm alma,

mas a porta fechada,

esconde o sobrado abatido, 

esmagado pelo tempo.

As janelas irradiam luz,

onde o teu olhar perdura,

como se ainda estivesses ali.

O vento assoma

e liberta todas as sombras.

As raízes permanecem

nas memórias que evoco.



Texto
Ailime
01.02.2022