Publico hoje a minha quarta participação relativa ao Desafio da nossa Amiga Rosélia, proposto no seu
Blogue Escritos d'Alma, para celebrarmos o Dia Mundial da Poesia, durante um mês.
Nos mistérios insondáveis do meu ser
guardo-te como um tesouro
embutido no mais profundo de mim.
Respiro as flores com que enfeitavas
os meus cabelos.
___Ainda hoje lhes sinto os aromas ___
Foram cativantes as primaveras de então,
que me acenavam como sóis a bailar
nas intermitências do tempo a florir.
Os pássaros voavam em nosso redor
entoando melodias maviosas,
como sinfonias perpetradas por
orquestras, com aroma de jasmim.
A natureza sempre em festa sorria-me
e eu fazia raminhos de flores minúsculas
que te oferecia quando, embora cansada,
me embalavas nos braços
como se fosse o teu mundo.
Recolhíamos ao ninho onde, qual casulo,
retemperavas as forças para uma nova jornada
nas searas onduladas pelo vento,
onde o trigo germinava a flor da farinha
que se transformaria no pão que nos saciava.
Hoje compreendo a grandiosidade e
beleza dos dias de então,
agora que sozinha caminho
pelas ruas descoloridas
da cidade vazia.
Texto
Emília Simões
24.03.2024