Levanto voo para alcançá-las, mas
a gravidade deita-me ao chão.
Ergo-me e tento trepar.
O tronco, escorregadio,
faz-me resvalar e cada vez mais
as palavras se afastam.
Chove e os pássaros, taciturnos,
não abandonam as crias.
As palavras estão cada vez mais longe.
Tento voar numa folha ao vento
para as agarrar mas, teimosas,
ignoram-me.
Esqueço-me, por instantes,
que ainda não é o tempo
propício das colheitas.
Texto e foto
Emília Simões
12.10.2024
Emília Simões
12.10.2024
Colher palavras que não se deixam apanhar é próprio
ResponderEliminarda inspiração das poetas. E aqui se vê esse seu talento,
amiga Emília. Fez um poema belíssimo.
Bom fim de semana.
Beijinhos
Olinda
Boa noite de Paz, querida amiga Emília!
ResponderEliminarQuando as palavras nos escapam num dia, fluem noutro...
A colheita sempre é a nosso favor.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos
Lindfo,Ailime...Por vezes as palavras ficam parecendo escondidas ...Depois reaparecem! Adorei! beijos, chica
ResponderEliminarNão é bem verdade. As tuas palavras fluem sempre e tão bonitas. Se não as encontras dentro de ti, olha para fora e inspira-te na observação do mundo. Que eu acho que é o que nós devemos ser: observadores do que está à nossa volta, mais do que estarmos atentos (apenas) em nós mesmos. Eu diria mesmo que somos muito mais felizes quando olhamos para fora, sem nos olharmos em espelhos. Eu acho que os espelhos deviam de ser proibidos. Esses ninhos não aprisionam palavras: fizeram nascer este poema tão bonito, porque prestaste atenção. O tempo das colheitas pode ser quando quiseres: é só prestar atenção à nossa volta (e esquecermo-nos de nós mesmos, nem que seja por instantes - ou sempre!). Beijinhos
ResponderEliminarProfundo poema. Te mando un beso.
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