sexta-feira, novembro 23, 2012

Olhar


Edgar Degas

Desço a rua e observo-te
Na escassez do vento
Que não ouves.

Trazes no olhar o vazio
De quem não entende
As vozes do mar.

Cinjo-te como penas
Que esvoaçam indiferentes
Na aurora doída.

Na praia a maresia
Nublada de areia
Afasta os corais para longe.


 Ailime
23.11.2012
Imagem da Net

quarta-feira, novembro 21, 2012

É Outono avó



É Outono avó…
E as folhas continuam a cair.
O meu coração transborda de emoções
Nas memórias do nosso tempo.
O vento sopra e ouço ao longe
O eco da tua voz a chamar-me
Como se me quisesses dar colo outra vez.
- Sim avó, eu vou já.
Deixa-me brincar mais um pouco,
Deixa-me ficar contigo
À lareira onde o fogo crepita
A chama do teu amor.
Em Novembro, daqui a dias…. (foi hoje)
Deixaste-me num mar imenso
De onde ainda emergem
As gotículas que durante horas a fio
Teimavam em soltar-se desse mar.
Sim, eu sei que aquela estrela
Que observo em cada manhã
É a tua alma a brilhar, a sorrir
Para me dar alento, para me consolar.
Sim, avó, vou tentar que o mar não
Me alague de novo.
Vou estar aqui a recordar-te.
Sim, a recordar-te sempre,
Até que nos voltemos a encontrar.

Ailime
19.11.2010
(Reposição)


sexta-feira, novembro 16, 2012

O mar




Oh! mar de beleza infinita
Transportas nas ondas beijos de espuma
Submersos nas marés de quem viaja
Ao sabor das tuas águas
Ora agitadas ora serenas.

És temido e amado
Separas e aproximas
E enrolas na alma
Uma agitação estranha
De quem te respeita e ama.

Oh! mar azul ou verde ou cinzento
Deixa que o sol me embale
Nas tuas ondas de areia.

Ailime
16.11.2012
Imagem da Net

quarta-feira, novembro 14, 2012

Ouço-te



Ouço-te no orvalho das manhãs
 E inspiro o aroma do alecrim
 No sabor das amoras silvestres
Que perpetuaram em mim
Todos os aromas da terra.

E nos sulcos do teu rosto
Tisnado pelo sol escaldante
Escorriam lágrimas de sal
Que na tua humildade
Transformaste em pérolas de amor.


Ailime
14.11.2012
Imagem da Net


sábado, novembro 10, 2012

Viajo no tempo



Agora apenas viajo no tempo
 Das memórias que me moldaram
Na descoberta dum mundo, ilusório,
 Que ainda não alcanço.

E resvalo por entre espirais
 De águas insípidas
 Em mares revoltos
 Por tempestades
Açoitadas pelo vento.

Num espaço que não me pertence
Tento consolidar o meu sentir
Nessas evocações
Como apelo à edificação
Do futuro que é hoje.


10.11.2012
 Ailime
Imagem da Net

sábado, novembro 03, 2012

Era quase Natal



Na sala quase vazia
De paredes nuas e brancas
Como a luz do luar que já não vês
Ressurgem os ecos de outrora
Do tempo que era nosso
No crepitar das chamas
Da lareira que agora é cinza.

Evocar-te-ei sempre,
Porque em Novembro, daqui a dias,
Separámo-nos por uns instantes,
Naquele dia tão frio,
Porque era quase Natal. Lembras-te?
...
(E, lá em baixo, o rio também soluçou.)

Ailime
03.11.2012
Imagem da Net