sexta-feira, dezembro 28, 2018

Feliz Ano Novo!

Este foi o meu texto que obteve mais visualizações em 2018!
Aproveito para, desta forma, agradecer as vossas visitas e generosos comentários.
Para todos feliz Ano Novo!


Nas linhas do horizonte
enxergo o teu céu
a rasar as marés.
*
Na berma da estrada
um homem sucumbe
sob o alforge vazio.
*
Não há limites
quando o sonho
te convida a voar.
*
No escuro da noite
uma estrela brilha
e afaga-te o olhar. 
*
No silêncio do mar
apenas um búzio
te fala baixinho.
*
Entre o nascer 
e  o pôr do sol
cantam os pássaros.
*
No rosto do tempo
deixa que os frutos
maturem na árvore. 



Texto
Ailime
Imagem Google
01.10.2018

quinta-feira, dezembro 20, 2018

Talvez


Talvez ainda tenha tempo de ter tempo.
Talvez as luzes não me ceguem
na vertigem dos dias que, velozes,
me tiram o tempo.
Talvez um mendigo me estenda a mão
na noite escura. 
Talvez eu passe em frente, fingindo não o ver.
Talvez eu lhe dê uma simples moeda ou
talvez o convide para a minha ceia.
Talvez o tempo não me tire a lucidez
de enxergar as névoas da noite.
Talvez ainda tenha tempo de colher uma estrela.
Talvez ainda tenha tempo de fazer um presépio.


Texto e foto
Ailime
20.12.2018

Boas festas para todos

segunda-feira, dezembro 17, 2018

Retenho as palavras


Retenho as palavras com o olhar
e desfio-as como finos fios de seda
a resvalar dos casulos
protegidos pelas teias
do orvalho da noite.
Resguardo-as em silêncio
como se não me pertencessem.
Não quero que os rumores sombrios
as maculem na transparência da luz.



Texto
Ailime
Reposição
Imagem Google

quinta-feira, dezembro 06, 2018

Um véu de claridade


Agarro um raio de luz
recolho-o numa folha de outono
e aguardo que o chão lhe seja fértil.
*
Na penumbra dos olhares
escasseiam os gestos
a iluminar os rostos
sedentos de liberdade.
*
Nas asas dos pássaros
relâmpagos faíscam
as cores do amor.
*
Um arco-íris
soletra nas margens
a canção do rio.
*
Ao amanhecer
a poesia das cores
mergulha na Terra
um véu de claridade.



Foto e texto
Ailime
06.12.2018


domingo, novembro 25, 2018

No meu silêncio



No meu silêncio 
guardo palavras doridas 
pelas ruas descalças 
gastas pela solidão,  
que afloram os olhares de espanto 
pelo nascer ou pôr do sol 
a iluminar as tezes macilentas 
no relento das noites,  
onde jazem sonhos inacabados 
enrolados em folhas húmidas
dum outono precoce. 

No meu silêncio guardo 
toda a minha inércia, 
a minha pressa 
a minha indiferença 
pelo mundo marginal 
que me passa ao lado 
que não quero ver, 
que recuso enxergar 
porque me falta amor. 

Até quando a minha alma vazia 
deixará que o amor se expanda em liberdade 
num abraço à solidão?



Texto e foto
Ailime
25.11.2018


domingo, novembro 18, 2018

Poema de Graça Pires

Do seu novo Livro:
Uma Vara de Medir o Sol

Albin Veselka

Os rituais da infância não nos deixam esquecer:
Era verde a sombra das árvores no pátio da escola.
Eram verdes os trigais pejados de papoilas.
Era verdes os pássaros que traziam um prado
colado ao voo rasante, nas tardes de verão.
E os rios tão verdes. Tão verdes as águas.
Tão verdes os peixes. Tão verdes os barcos invisíveis.
Tão verdes as mãos com que agarrávamos o tempo.


GRAÇA PIRES



Nota:
Imagem Google
escolhida por mim.
18.11.2018

quinta-feira, novembro 08, 2018

Na lucidez dos dias


Na lucidez dos dias  
escorre-me dos gestos 
o sabor das romãs 
e o aroma dos lírios  
que perfumavam a terra 
do chão que pisavas. 
 
Os escombros dos muros 
cobertos de musgo 
murmuram baixinho 
o silêncio dos pássaros 
a latejar as asas 
na terra fértil. 
 
Uma nuvem chora. 
 No chão molhado 
pegadas de solidão 
anunciam como é frio 
o inverno da alma.




Texto e foto
Ailime
08.11.2018

sábado, outubro 27, 2018

Num rasgo de vento


 Num rasgo de vento 
o outono revela-se 
nas folhas esmaecidas 
que atapetam o chão, 
desnudando os ramos 
que rasgam as nuvens 
num rodopio de asas. 

Que vento é este   
que ruge como o mar 
em dia de tempestade 
e arrasta as folhas 
como barcos a naufragar? 

Uma simples aragem? 
Um relâmpago? 
Uma vertigem? 
É apenas o outono 
a faiscar nas folhas 
a luz quebrantada 
na linha do horizonte. 




Texto Ailime
27.10.2018
Imagem Google