quarta-feira, dezembro 30, 2020

Feliz Ano Novo!

Abra-se o coração ao amor e à esperança

não se abdique dos sonhos

cante-se o resplendor das manhãs

abrace-se o futuro com vigor

baile-se ao som do vento e das flores

e a vida será uma eterna primavera.




Que 2021 seja um ano de luz, alegria, paz  e muita saúde para todos nós!

Agradeço a vossa presença neste meu cantinho ao longo do ano que agora está prestes a findar.


Ailime
30.12.2020
(Texto)






terça-feira, dezembro 15, 2020

Era dezembro...

 


Dentro e fora de mim

ainda sinto o aroma do musgo

e a sua macieza aveludada

com que construía o presépio.

era dezembro e a geada

enregelava-me as pontas dos dedos

com que avidamente o recolhia

para o ver brilhar sob o estábulo

e as figuras dos pastores e das ovelhas,

dos lagos e das pontes

que me conduziam ao Natal.

era dezembro e um Menino nascia.

 

Para todos os meus votos de um Bom Natal
com muita saúde!

Texto
Ailime
15.12.2020
Imagem Google

terça-feira, dezembro 08, 2020

A palavra tarda

 Olhando horizonte Fotografias de Banco de Imagens, Imagens Livres ...


A palavra tarda.

Ardem-te os lábios
gretados pela dureza do sal
as tuas mãos contorcem-se
em gestos invisíveis
o teu olhar perscruta o infinito
em súplica ardente.

A palavra tarda.

O amor percorre o fio
que te separa do voo 
dos pássaros.


Texto e foto
Ailime
17.07.2020
(Reedição)

quarta-feira, novembro 25, 2020

Rasgo o tempo

                             



Rasgo o tempo com os sentidos
e caminho suavemente sobre as marés
como se as águas me impelissem
a abraçar-te
enquanto os búzios entoam 
a canção do mar
que nos recorda
que as medusas vêm à tona
sempre que dançamos
sobre a proa do barco,
enquanto um pássaro
desenha no firmamento
um bailado só para nós.




Reedição
Ailime
25.11.2020
Imagem Google

sexta-feira, novembro 13, 2020

Os meus gestos



Sempre houve uma certa inquietude nos meus gestos
ora lentos, ora apressados, ou apenas soletrados por pensamentos
que se entrecruzam com as mãos, que ora se poisam em cima da mesa
ou simplesmente se esgueiram para o poema em embrião.

Por vezes tento acalmá-las, mas escapam-se-me com ligeireza
como se tivessem ânsia de chegar antes de mim.

As minhas mãos e os meus gestos sempre se desencontraram
como se uma certa tensão se aninhasse nas pontas dos dedos
e o poema ficasse enclausurado na teia das palavras.


Texto
Ailime
12.11.2020
Imagem Google
Autor desconhecido

terça-feira, novembro 10, 2020

Rescrever a canção

                                                    



Torna-se necessário rescrever a canção
mesmo que as mãos, em chamas,
recusem o gesto, vacilante, da melodia.

Como os pássaros, que de asas feridas
cruzam os céus em voos arrojados,
é urgente que os barcos ergam as velas
na melopeia cadente da maré cheia.



Ailime
29.03.2015
Imagem Google
(Reedição revista)

terça-feira, novembro 03, 2020

Folha ao vento



Uma folha ao vento
pode não ser apenas uma folha;
é raiz, é tronco,  é seiva;
é flor, é fruto; 
pedaço de céu, nuvem,
raio de sol,  luar.

O que importa é o tempo
que por ela passa e a transforma
qual instante em que os ramos
se fundem nas teias sombrias
que agora repousam
no abismo do silêncio.

Da profundeza da ravina
uma árvore brota em flor.


Texto
Ailime
Imagem Google


 

sábado, outubro 24, 2020

No voo das palavras


No voo das palavras ouço a voz do vento
quando os pássaros atravessam relâmpagos
e as sombras do crepúsculo se quedam
como asas a planar sobre escarpas.
 
É a hora em que as memórias
saltam os muros impenetráveis da solidão
e eu caminho descalça sobre as marés
qual barco a navegar na linha do horizonte,
até que as horas me devolvam a voz
a quebrantar-se na espuma alva da praia.
 


Texto
Ailime
24.10.2020
Imagem 
(desconheço o autor)

quarta-feira, outubro 14, 2020

Em silêncio

 

       Em silêncio
       podes escutar o vento
       que te fala das marés
       Dos esplendores
       das estrelas
       Do pôr do sol
       Da neve
       Dos jardins solitários
       Daquele dia
       em que apenas
       o único olhar
       foi o teu.


Texto e foto
Ailime
14.10.2020

sexta-feira, outubro 02, 2020

Era outono

 
Tela de José Malhoa


O seu rosto erguia-se no parapeito da janela
para o vizinho que lhe contemplava no olhar
a ternura dos dias perdidos
quando o outono teimava em
rasgar-lhe nas faces a colheita das uvas
douradas como mel a escorrer-lhe
pelos cantos da boca ávida dos beijos
ocultados nas tardes serôdias.
Era o tempo das vindimas
O tempo dos frutos maduros
Dos aromas a mosto e a sede
Era outono.

Texto
 Ailime
02.10.2020


quinta-feira, setembro 24, 2020

Nem sempre o silêncio é lúcido




Nem sempre o silêncio é lúcido
quando na ausência das vozes
as palavras se calam

o silêncio é a retração da voz
enleada em grãos de poeira
suspensas em nuvens de folhas

por vezes é apenas mágoa, soterrada 
pelos pensamentos que se negam
a retratar-te na alma
os pudores que te recalcam.

o silêncio é o orgulho ferido
pelo preconceito do poema
quando renuncia às palavras.


Texto
Ailime
24.09.2020
Imagem Google



sexta-feira, setembro 11, 2020

O poema

quadro - pintura abstrata - quadro abstrato - cores vivas no Elo7 |  Patricia (1016413)

O poema pode conter palavras sem nexo
reecontros nas entrelinhas
movimentos ascendentes ou descendentes
ruas desertas com ou sem metáforas
terras de quase ninguém.
esboços de gestos abstratos
horas aprisionadas pelos ponteiros gastos
do tempo
amores e desamores
alegrias e tristezas
ausências de quem já passou
as agruras e crueldades da vida.

o poema pode conter apenas numa linha
o sentir do poeta
no lusco-fusco da vida
indiferente à ausência dos pássaros.

Texto
Ailime
11.09.2020
Imagem Google


quarta-feira, setembro 02, 2020

De mãos dadas

de mãos dadas também com o mar Foto de Jorge Pinto | Olhares - Fotografia  Online

Na aridez da vida
percorro horizontes antes nunca sonhados
e mitigo a sede com as palavras
que me sussurras quando de mãos dadas
perscrutamos o infinito
e nos entreolhamos cúmplices
de um amor que nos corta a pele
e nos alimenta os sentidos
como se rasgássemos o tempo
que nos vai tragando as horas
encurtando as distâncias
que nos separam do ocaso
onde os pássaros nidificam
uma nova manhã, uma nova vida.
Entre a aurora e o crepúsculo
não desistimos de agarrar o vento.





Texto
 Ailime
02.09.2020
Foto
 Jorge Pinto

segunda-feira, agosto 24, 2020

Palavras tantas vezes sufragadas


sun

Palavras tantas vezes sufragadas
Por gotas de mar nublado pelas brumas
Que te cerram no olhar o vento
Quando há escassez de marés
E nem sabes se são mesmo palavras
Ou apenas pedaços de memórias
Encalhadas no convés do navio
Quando te fazes ao largo

Não precisas penitenciar-te
Deixa apenas que o esplendor do sol
Te preencha o vazio da alma.


Texto
Ailime
24.08.2020
Imagem
Google

terça-feira, agosto 18, 2020

Levanto-me e desprendo-me da noite





Levanto-me e desprendo-me da noite 
mas não sei se já é madrugada 
Atrás de mim a inocência 
dos passos que dou devagar 
O meu olhar abre a janela 
A lua, quarto minguante, sorri 
Por vezes tropeço nas estrelas 
e estendo-lhes as mãos 
os braços ...
O vazio no meu colo. 
Uma estrela cadente 
sopra-me no olhar 
uma ténue claridade. 



Texto
Ailime
01.06.2019
Imagem Google
(Reedição)

segunda-feira, agosto 10, 2020

No vazio dos teus gestos



O estio adentrava-se-te no ventre
e o teu rosto sorria
Não que os teus olhos o dissessem
mas as tuas mãos tremiam e acariciavam
inconscientemente
o fruto que acabaria por brotar em breve
nesse desatino que sempre te acompanhava
As cigarras entoavam um crepúsculo
e os teus lábios permaneciam cerrados
num secretismo de dúvidas
líquidas do silêncio que albergavas
nos gestos inconscientes
que pairavam sobre as águas
e se entranhavam nas pedras.
Nunca entendi o movimento das águas
nem o balouçar do vento
a raiar a linha de fogo
no vazio dos teus gestos.


Texto
Ailime
10.08.2020
Imagem Google

sábado, agosto 01, 2020

Há uma idade


Abstract Artistic Digital Smooth Multicolored Galaxy Background ...


Há uma idade em que crescemos
agarrados às paredes de cal
e tudo é linear, tudo é branco.
o mundo é uma fronteira estranha.
apenas um pedaço de céu ali a brilhar
com as estrelas cintilantes
a sorrirem-nos como faróis 
a rodopiarem noutra galáxia
que nem sequer sabemos se existe.
apenas a sentimos como se fosse
uma estrela cadente 
que agarramos com as mãos
em gestos desajeitados
como se fora um tesouro
que queremos perpetuar
na intimidade do silêncio.


Texto
Ailime
01.08.2020
Imagem Google


sábado, julho 25, 2020

O medo

Medo: por que sentimos e como superá-lo – Blog Vittude

Quisera que o medo fosse uma névoa
uma simples palavra sem nexo, 
a vaguear por vales profundos e longínquos
onde os pássaros não a alcançassem
nem os relâmpagos a faiscassem
nem os ecos a cativassem
como se fora um buraco negro
a doer-me dentro do peito.
quisera não entender o medo.
refugiar-me num barco verde
numa praia de águas límpidas
onde o sol brilha em cada pedrinha azul
que te devolve as insondáveis horas 
em que te deténs sobre a escarpa alada
dum tempo fora de tempo.
em que as incertezas se tornam certezas
nas tuas mãos vazias de gestos
quando os teus olhos, côncavos,
se retraem no exílio.


Texto
Ailime
25.07.2020
Imagem  Google

sábado, julho 18, 2020

A palavra tarda

Olhando horizonte Fotografias de Banco de Imagens, Imagens Livres ...

A palavra tarda.

Ardem-te os lábios
gretados pela dureza do sal
as tuas mãos contorcem-se
em gestos invisíveis
o teu olhar perscruta o infinito
em súplica ardente.

A palavra tarda.

O amor percorre o fio
que te separa do voo 
dos pássaros.


Texto e foto
Ailime
17.07.2020

terça-feira, julho 07, 2020

É no silêncio dos barcos

Papeis de parede Amanheceres e entardeceres Costa Aves EUA Malibu ...É no silêncio dos barcos
que adormeces os teus cabelos
como ondas que o vento espalha
nas escarpas das marés

Ainda é cedo para saboreares
os frutos maduros da colheita
que o mar te dá a beber
quando reluz o sol nascente
por entre os teus dedos sedentos

Na linha do horizonte
pássaros velozes em bandos
perseguem nuvens e sombras.

Texto
Ailime
07.07.2020
Imagem Google

segunda-feira, junho 29, 2020

O silêncio

O silêncio raramente escuta o que tenho para lhe dizer
If I Die Young • Não importa onde estivermos nosso amor sempre ...tomba-me na face qual lágrima de cristal
a inundar a margem das sombras invisíveis
como barco encalhado  nas marés cheias de pássaros
e a luz a querer perpetrar um sol faiscante
qual oásis num deserto sedento e solitário.
Enquanto isso os ecos continuam imperturbáveis.




Texto
Ailime
29.06.2020
Imgem Google

sexta-feira, junho 19, 2020

O amor


O amor é uma fonte silente
que vai regando o teu colo de luz
parede raiada de branco
onde repousas o coração
rasgas o vento
que te sacia a sede,
mitiga a volúpia
te acende os sentidos
que te desnorteia
quando despertas a pele
no abismo das chamas
até ao dilúvio.


Texto
Ailime
19.06.20
Imagem Google

quinta-feira, junho 11, 2020

Num abraço de folhas.


TEXTOS, CONTEXTOS E REFLEXÕES: MEMÓRIAS PERDIDAS


Na solidão do tempo
encontrei palavras ao vento
que me falaram de sombras
e do sentido do luar
de vida e de silêncio
do velho relógio esquecido
de relâmpagos e de rios
de margens e pássaros verdes
de caminhos e de chão
de claridades e marés
de alegria, luz e flores
num abraço de folhas.


Texto 
Ailime
09.06.2020
Imagem Google

sexta-feira, junho 05, 2020

Jardim sem bancos

Trajeto de floresta da mola com sunbeams da manhã imagem de stock

Há um jardim sem bancos,
nem flores, nem pássaros.
Sento-me sobre uma pedra
e inalo a primavera
numa nesga de sol,
que se adentra em mim
por entre lastros verdes de céu.
Alguns insetos
atordoam-me os sentidos
libertos, na manhã clara,
que me enlaça como um
sopro de vento macio.
Os pássaros, ausentes,
ainda não cantam.
As folhas agitam-se.




Texto 
Ailime
03.06.2020
Imagem Google

sábado, maio 30, 2020

A terra seca

O Semeador de Vida: Você é uma terra Seca.


Ao pé da laranjeira
encontrei o caminho
onde outrora te encontrava
desbravando as silvas
a terra seca, árida
a fonte longínqua
onde quebrantei a sede
tantas vezes
na lonjura dos dias
subindo encostas,
de costas
amparando a queda
a saltar à corda
como se o mundo
tivesse ali o seu princípio.


Texto
Ailime
30.05.2020
Imagem Google

quinta-feira, maio 21, 2020

O verso

A vida é um sopro – Caminhante Aprendiz


Na ausência das palavras
o verso, envergonhado,
esconde-se no reverso
das sílabas.
Não o pronuncio.
Não quero profanar
a sua essência
na cadência do poema.


Texto Ailime
Foto Google
21.05.2020

quinta-feira, maio 14, 2020

Poema de Graça Pires



Foto Ailime

Secaram as roseiras bravas
cultivadas no atalho da paisagem.
Uma mulher canta roucamente
e o seu canto é um brado
em desavença com a mudez
enraizada na garganta.
Vagarosamente, enrodilha na anca
as vestes de pano cerzido
e afaga seu corpo com as mãos ásperas
como as roseiras bravas.
Tão precário, o perfume das rosas!

Do seu novo Livro

A solidão é como o vento (pág. 48)

_ Graça Pires_


quinta-feira, maio 07, 2020

Uma rua



No rio que corre em mim
há agora uma rua
com pedras nuas
desprovidas de margens
e pássaros
uma rua reinventada
por medos e sombras
onde os ecos me falam
não de flores e primaveras
mas de inverno e solidão
uma rua fria, sem pirilampos
sem estrelas, sem luar
uma rua sem abraços,
nem barcos a velejar
uma rua que me fala
simplesmente, de ti.

Texto e foto
Ailime
07.05.2020

sexta-feira, maio 01, 2020

Desprendo-me da noite

CANTO-MEU: Desprendo-me da noite

Levanto-me e desprendo-me da noite 
mas não sei se já é madrugada 
Atrás de mim a inocência 
dos passos que dou devagar 
O meu olhar abre a janela 
A lua, quarto minguante, sorri 
Por vezes tropeço nas estrelas 
e estendo-lhes as mãos 
os braços ...
O vazio no meu colo. 
Uma estrela cadente 
sopra-me no olhar 
uma ténue claridade. 




Texto (reedição)
Ailime
01.06.2019
Imagem Google

quarta-feira, abril 22, 2020

Nas calçadas ainda há vestígios



Nas calçadas ainda há vestígios
das flores rubras da manhã
que bebi como um néctar
quando a madrugada se soltou 

Pássaros esvoaçavam de galho em galho
e alertei-os da chegada da primavera.
Sorriram e voaram mais alto
a perpetrarem a canção
que as vozes ainda sustinham

Em bandos, todos os outros pássaros
entoavam já a melopeia
a incendiar a manhã
que eu percorria com pasmo



Texto
Ailime
20.04.2020
Imagem Pinterest




segunda-feira, abril 13, 2020

Na tibiez dos dias

Shadows of people walking street in morning light.


Na tibiez dos dias
somos como esfinges
vagueando na rua, deserta,
sem pisar o chão
olhando de través
a celeridade das sombras,
submersas em abismos
na incógnita das horas
e dos números.

Por breves instantes
os relógios silenciam-se
na luz do crepúsculo,
sem deixar rasto.


Texto 
Ailime
13.04.2020
Imagem
Google

sábado, abril 04, 2020

Nas escarpas dos dias

Canto meu

Nas escarpas dos dias
caminho descalça sobre o vento, 
como se desventrasse os silêncios
que me movem
no imprevisível deserto do ocaso
que se desnuda em oceanos
opacos e turbulentos
na incongruência
dos ponteiros do relógio
consumidos por águas movediças
que resistem à estranheza
das margens dos rios 
corrompidos pelas marés.

Enquanto isso, os pássaros,
imperturbáveis,
continuam os voos.


Texto 
Ailime
03.04.2020
Imagem Google

quarta-feira, março 25, 2020

No silêncio do deserto


No silêncio do deserto
por detrás dos vidros embaciados
por pólens de incerteza 
quero ir ao teu encontro
mas algo me impede de ver
a clareza do teu olhar
na beleza das tuas cores,
na alegria dos movimentos
com que o vento te beija 
no cantar dos pássaros.
Hoje, cerceada pela sede,
os meus desejos são meros delírios
que vou abrigando
na dubiez com que antecipo
o esplendor dos dias sim.


Texto e foto
Ailime
25.03.20



segunda-feira, março 16, 2020

Quisera


Quisera que meus olhos
não vissem a escuridão dos
dias
que meus lábios
não bebessem o fel das sombras
interditas
que minhas mãos não
tocassem o invisível
Quisera, enfim, que a luz
incendiasse os gestos do mundo.



Texto e foto
Ailime
16.03.20
Imagem Google

terça-feira, março 10, 2020

In memoria

Resultado de imagem para rio, ceu azul, ave esvoaçando

Hoje era o dia do teu aniversário.
Como sempre, nesta data, a primavera anunciava-se
com um belo céu azul e um sol radiante.
Sorrias feliz, porque te rodeávamos,
para festejar a vida, a tua vida.
Tu gostavas deste dia, em especial,
e sorrias muito.
Ainda estou a ver-te ...
O teu olhar, azul de tanto céu,
também sorria e irradiava uma luz muito terna,
porque sabias o quanto te amávamos.
E todos nos sentíamos felizes,
porque tu eras feliz.

Hoje o rio que tanto amavas 
corre pálido, sem o brilho dos dias
em que o percorrias nas margens dos afetos.

Apenas uma ave o esvoaça, em ziguezagues,
sentindo, talvez, a tua ausência.
Descansa, em paz, pai.




Texto
 Ailime
10.03.2020
In memoria
de meu pai
(F 25.12.2017)
Imagem Google



quarta-feira, fevereiro 26, 2020

Rescrever a canção



Torna-se necessário rescrever a canção
mesmo que as mãos, em chamas,
recusem o gesto, vacilante, da melodia.

Como os pássaros, que de asas feridas
cruzam os céus em voos arrojados,
é urgente que os barcos ergam as velas
na melopeia cadente da maré cheia.



Ailime
29.03.2015
Imagem Google
(Reedição revista)