sábado, janeiro 18, 2025

Gosto do gorjeio dos pássaros,



Gosto do gorjeio dos pássaros,
quando à noite se aninham
na árvore junto à minha janela.

Gosto do som da água,
que cai daquela cascata
na encosta da serra.

Gosto do colorido
das flores, quando desabrocham
no vaso, da minha varanda.

Gosto do sol no horizonte
brilhante como os teus olhos,
quando fixam os meus.

Gosto da natureza
verde e fresca,
nos dias calmos de inverno.

Gosto do silêncio,
das tardes soalheiras
em que escuto a tua voz.

Gosto, porque gosto
das coisas simples do mundo
que, em segredo, 
me falam de vida.


Texto e foto
Emília Simões
18.01.2025



sábado, janeiro 11, 2025

Inverno, duro e frio


Inverno duro e frio,
chuva, gelo,
meninos descalços,
flores murchas,
pássaros, entoam 
melodias apressadas
de vento, em debandada.
Dias sombrios,
ruas molhadas,
passos inseguros
atravessam o tempo
que se esvai por entre
sorrisos amargos.
O silêncio
rasga memórias
dum passado próximo,
dorido, com feridas
escondidas atrás dos olhos.
Sobre o rio, uma névoa clara,
auspicia 
novas flores a brotar.

Texto e foto
Emília Simões
11.01.2024

sábado, janeiro 04, 2025

Dou passos a medo

 

Dou passos a medo, não sei se me abrem
a porta.
Tinham-me dito que estava fechada,
porque as gripes e o Covid
andam por aí.

Cheguei e bati.
Dizem-me, a senhora está doente, de cama,
e não quer contágios.
(Lá terá as suas razões)!
Quem quer?

Imaginei a solidão e o silêncio
de quem vive dependente,
olhos baços que se fixam uns nos outros,
sem direito a um sorriso, a um aperto de mão, 
a uma palavra encorajadora.

O medo continua a limitar as ações
e o inverno continua frio no coração de
quem nunca viveu entre quatro paredes.

Há que acender fogueiras
para inflamar os corações.

Texto
Emília Simões
04.01.2025
Imagem Net

sábado, dezembro 28, 2024

As minhas palavras estremecem


As minhas palavras estremecem.

Escondo-as num coral em silêncio.

Não quero que ninguém as leia,

ouça ou profane.

O vento, por vezes, distorce

o sentir e a imaginação dos poetas,

que se arrastam nas penas,

que os pássaros vão deixando aqui e ali.

Na vertigem do tempo

rodopio segura de que 

apenas as palavras amor e paz,

podem salvar os pactos.


Texto e foto
Emília Simões
28.12.2024

sábado, dezembro 21, 2024

É Natal!...



Lá fora olhares e faces encovadas
deixam escorrer gotas de orvalho
geladas pela indiferença de quem passa.

As luzes, o alarido, a festa das compras
(de última hora, num corre-corre desenfreado).
A noite calada, fria, impiedosa
dos corações solitários, aproxima-se.

Uma mão estendida num olhar côncavo
(onde cabe toda uma vida apática de rastos)
perde-se sob a arcada recôndita e sórdida do cais.

Na fogueira que me arde no peito
um aperto sangra-me a razão.
É hora de acordar e abraçar o meu irmão.


Ao longe, uma luz brilha!
Na gruta fria, envolto em trapos
eclode o Amor,
que abarca (abraça)  todos.
Haja Paz em todos os corações.

Feliz Natal e um próspero Ano Novo.


Grata pelas vossas visitas ao longo do ano.


Texto
Emília Simões
20.12.2015
(Reedição)
Imagens Google

sábado, dezembro 14, 2024

É quase Natal, outra vez


O mundo roda vertiginosamente
e o Homem nem se apercebe 
que caminha ainda mais rápido,
no mundo da violência,
das guerras e injustiças.
Nada faz deter a ambição,
a ânsia pelo poder e
pela destruição.

É quase Natal, outra vez.
É tempo de parar para pensar.
Que quero neste Natal?

Ódios, mais violência
ou mais poder?
Presentes caros,
mesas fartas e desperdício?

Tantos, por vezes, bem perto
vivem na agonia,
no desespero, na solidão,
ao abandono, morrendo...

É tempo de dizer: BASTA!
Eu quero um Natal simples,
tranquilo, fraterno,
sem guerras, nem ódios.

É tempo de escutarmos 
a nossa voz interior,
que clama por justiça, solidariedade
e amor entre os homens.

Que finalmente possamos 
viver um Natal com PAZ!


Texto:
Emília Simões
Imagem Google
14.12.2014

sábado, dezembro 07, 2024

Nesta tarde fria, quase inverno


Nesta tarde fria, quase inverno,
recordo-te a costurares vestidos
quentinhos,
para as tuas três meninas,
para estrearmos no dia de Natal.

De manhã com os vestidos novos
íamos admirar as montras das lojas,
todas com presépios cheios de neve,
lagos, rios, pontes e pastores, 
que iam adorar o Menino Jesus!

Era um ritual que se repetia
em cada Natal.

Ah, já me esquecia,
Também estreávamos sapatos
e como nos sentíamos vaidosas.
Depois de visitarmos os presépios
íamos a correr para a Missa.

Na Igreja um grande presépio
mostrava uma Família feliz
rodeando o Menino, assim como
a vaca e o burro, que O aqueciam com o bafo.
Mais atrás, os Reis Magos, que haveriam de chegar.

Era um tempo de musgos, fetos, tudo muito verde.
E muito frio também, mas não faltava a lareira.
A vida era muito simples, mas os afetos
eram os nossos melhores presentes.

Ainda hoje me lembro tanto...

Todos partiram, mas deixaram em nós a essência
do verdadeiro Natal.

Texto
Emília Simões
07.12.2024
Imagem Google


sábado, novembro 30, 2024

Sentada na escarpa

 

Sentada na escarpa
escuto a voz do mar
que me fala de ventos, marés,
ondas e corais.
Na espuma que perscruto
no areal da praia
esculpem-se palavras
de esperança,
alegria e amor.
Um barco regressa.
Na praia
as mulheres erguem os braços
e cantam louvores.
A pesca é abundante
e os homens
chegam  sentados
no vento da bonança,
com os braços
erguidos, a sorrir,
deixando para trás
rastos de intempéries.

Texto
Emília Simões
30.11.2024
Imagem Google

sábado, novembro 23, 2024

Deixo que o silêncio



Deixo que o silêncio

abafe a minha voz.

Um pássaro esvoaça

sobre um barco

ancorado na praia.

O dia permanece claro.

O vento de outono assobia

sobre as folhas caídas.

No meio da calçada

uma flor renasce.

É a vida a renovar-se

em cada dia

no meu olhar,

na minha vida.


Texto e foto
Emília Simões
23.11.24


sábado, novembro 16, 2024

Partiste minha Mãe



Partiste minha Mãe

e não dissemos adeus.

Uma folha ao vento

levou-te para lá das nuvens

e o céu abriu-se para te receber.


O rio, lá em baixo, guarda

os ecos do meu sentir.

Dos meus olhos escorre o orvalho

que vai engrossando o caudal,

desse rio, que corre placidamente.


Da última vez que te vi, inerte,

parecias sorrir e, essa imagem, 

quero guardá-la em mim,

para sempre.


Já não te vou ver mais, Mãe.

Já não podemos trocar um beijo,

um abraço...

Mãe, partiste e deixaste

um vazio na minha vida.


Com as tuas memórias

reaprenderei a viver

na saudade da tua ausência.

Descansa em paz!

In Memoriam
minha Mãe
1931-2024

Texto e foto
Emília Simões
15.11.2024