domingo, setembro 29, 2013

No oceano da vida


No oceano da vida concebo os meus sonhos
Na esperança da luz que incendeia o horizonte
E deslumbro-me com a beleza exuberante do ocaso.

Mas na claridade da manhã abarco a alegria da aurora
No sol, nas flores e no barco aportado
Que abriga a outra margem de mim.

E abraço nas flores o vento em rebelião,
Sigo as linhas do rio que corre placidamente
E me devolve a aragem da existência
Que outrora era nascente e agora poente.

E na vertigem que me desinstala
Percorro horizontes de mil tons
Como se o vento, as flores e o rio
Me devolvessem o remoto madrugar.

Texto e foto
Ailime
29.09.2013


sábado, setembro 21, 2013

Outono

Vento de Outono - Paula Navarro

O vento suão transporta segredos
Nas aragens secas e quentes
Que o outono liberta
Nos dias em que o horizonte
Parece omitir as tardes de verão.

Na placidez dos jardins
A luz retrai-se
E nas pétalas secas
Espalhadas no chão
Persiste o aroma da primavera.

No crepúsculo do mar
Cintilam vagas na maré cheia
Devolvendo à praia
O sonho encoberto
Pelas maresias desfeitas.

Ailime
21.09.2013
Imagem Google




quarta-feira, setembro 11, 2013

Momentos


Em momentos improváveis
Os instintos esvoaçam
Como pássaros azuis
A envolver as vagas, verdes
E translúcidas do luar
Em quarto minguante,
Delineando no horizonte
Linhas imaginárias
Nos limites em que a luz
Se afasta do sol-posto.

11.09.2013

Ailime
Imagem Google

quarta-feira, setembro 04, 2013

A melopeia do mar


Das memórias que perduram
Apenas maresias dispersas
Evocam o eco das palavras
Submersas em oceanos longínquos.

Com o recuo das águas
As marés vivas extinguem-se.

Resta nas algas murchas da praia
Envoltas em corais de espuma,
A melopeia do mar.


Texto e foto
Ailime
04.09.2013


domingo, setembro 01, 2013

Capto no olhar o silêncio


Capto no olhar o silêncio
Encapotado pelas cinzas soltas
Que pousaram na aridez dos desertos,
Os clamores que os ventos arrebataram
Das chamas dispersas por longas viagens.

Ah! Mas os sonhos! …Esses foram traídos,
Desfeitos pela anarquia dos ventos
Em desvario infernal e desconexo.

E o deserto continua disforme,
Irreconhecível e irrespirável.
Do interior da terra ouço o borbulhar da seiva
A resgatar o silêncio das trevas.


01.09.2013
Ailime
Imagem Google