sábado, julho 30, 2022

Na solidão do lodo


Conhecia de perto todos os mistérios do rio.

De pedra em pedra percorria-lhe as margens

e desvendava o sabor das auroras quando as neblinas

o afagavam  ainda antes do refulgir do sol.

E estendia-lhe as redes.

Era um rio límpido, sem mácula, azul de tanto céu,

que brilhava no silêncio da lezíria

como se fora outro lugar onde o trigo ondeava.

Nada era tão puro como a transparência dos barcos,

onde saltitavam os pássaros para captar as presas

que quase afundavam o barco.

A faina era tão leve e a colheita tão farta...

.........

Hoje, apenas um velho barco carcomido,

na solidão do lodo.


Texto
Ailime
30.07.2022
Imagem Google


18 comentários:

  1. Foto intrigante, fascinante e poema deslumbrante
    .
    Feliz fim de semana.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  2. Lindo e triste poema...Assim é a vida, até com o barco e o rio! beijos, tudo de bom,chica

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  3. As alterações climáticas sejam os rios e os barcos morrem no lodo.
    Uma realidade transformada em poesia.
    Abraço, saúde e bom domingo

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  4. Um lindo e triste canto á faina dos bravos do mar.
    Lindeza de sentimento em poesia Ailime.
    O barco carcomido e as lembranças de tantas aventuras e desventuras, que fizeram historias.
    Beijo e bom domingo amiga.

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  5. A solidão pode ser assustadora.
    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  6. Olá, querida amiga Ailime!
    Por aqui fico contemplado barcos assim mesmo, significam muito e propiciam muitas reflexões como a que fez tão lindamente.
    A solidão do lodo é terrível para o que foi feito para navegar...
    Tenha uma nova semana abençoada, amiga!
    Beijinhos 💐

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  7. Sérgio Simões8/01/2022

    Primeiro, este poema está ao nível de um Ernest Hemingway. A descrição da natureza e os sentimentos da sua perda. Muito talento literário! Resta o consolo de que a natureza consegue regenerar-se, se o Homem deixar. Muitos beijos e obrigado por mais esta chamada de atenção através de poesia.

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  8. um poema muito bonito. é destino dos brcoas. apodrecerem nas margens dos rios

    beijo

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  9. Tudo morre, também os barcos.
    Um poema sublime, gostei muito.
    Boa semana, amiga Ailime.
    Um beijo.

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  10. Um canto muito profundo, forte e realista.
    Reflet, reli e de cá a parabenizo, Ailime.
    Com grande abraço...

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  11. Triste, sim, Ailime. Mas quanto encanto, amiga, existe nas lembranças felizes! Belo post! Meu abraço, boa semana.

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  12. De forma poética você traduziu uma realidade que assusta. E colocou a alma em seus lindos versos. Bjs.

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  13. Lembrança de um tempo feliz num poema belíssimo.
    E no fim a abordagem de uma triste realidade.
    Tão bem que escreve, cara Ailime!
    Beijo
    Olinda

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  14. Triste, mas belo poema, amiga Ailime.
    A vida é mesmo assim...
    Continuação de ótima semana.
    Beijinhos!

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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  15. Um poema triste e belo como o olhar...bj

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  16. muito real.
    triste, mas é o que acontece actualmente e os barcos morrem abandonados na margem.
    gostei da lucidez do poema.
    a foto está fantástica.
    boa semana.
    beijinhos
    :)

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  17. Olá, amiga Ailime, gostei muito do poema, que mostra o rio com seus mistérios, como mostra também o talento da poeta nesse sensível poema.
    Aplausos, uma ótima quinta feira,
    um beijo.

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  18. Olá Ailime,
    Passando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e desejar um feliz fim de semana, com muita saúde.
    Beijinhos!

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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«Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar».C.L.