quinta-feira, março 17, 2022

Falta-me o chão

 


Falta-me o chão, esta não é a minha rua.

Subo e desço calçadas e escondo-me 

num vão de escadas.

Não sei como cheguei até aqui

Corri mais veloz que o vento

Tenho os sentidos adormecidos

Repouso o meu corpo cansado

O barulho é ensurdecedor

Ouço gritos, vozes roucas desesperadas

Parece-me ouvir um estrondo

Decerto estou a sonhar

Será um pesadelo?

Espreito a porta, quero acordar

Multidões fogem estarrecidas

Crianças ao colo, outras pela mão a chorar

Tenho fogo nos pés e voo

Não quero fugir, quero ficar aqui

Defenderei o meu chão

com cinzas na boca.

Mesmo com a alma mutilada

deixarei o meu corpo gravado

nesta terra que é minha.

 

Texto
Ailime
16.03.2022
Imagem
Google

16 comentários:

  1. Um poema de quem já passou por revoluções. Esta guerra é impensável. Escrever sobre ela ajuda à tomada de consciência de todos nós sobre esta atrocidade onde os nossos políticos não se querem meter. Por isso, façamos o que podemos enquanto cidadãos: tomar consciência, dar a nossa opinião -porque não sob a forma de um poema? - e ajudar quem tem de fugir com doações. Fiquei contente em saber que muita gente está a disponibilizar as suas casas para acolher refugiados, mesmo aqui no Canadá! Obrigado por esta tomada de consciência! Beijinhos

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  2. Um poema que é um grito de revolta! Onde o povo é fustigado por uma guerra que não devia ter acontecido, e que resiste heroicamente, mesmo sabendo, que a morte espreita a toda a hora...

    Junto a minha à sua voz, neste grito de revolta!

    Continuação de boa semana, amiga Ailime.

    Beijinhos!

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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  3. Boa noite de paz, querida amiga Ailime!
    Estamos vivendo um pesadelo que só orando e lendo poemas bonitos para aliviar um pouquinho as penas atuais.
    Estamos numa eterna quarta feira de Cinzas.
    Alma mutilada e corpo inerte em desolação profunda.
    Impossivel não sentir a dor mundial que estamos a viver.
    Sensível demais sua poesia.
    Tenha uma noite abençoada de paz!
    Beijinhos carinhosos e fraternos
    😘🕊️💙

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  4. Um poema tocante! 💙💛
    ~~
    Caminhos extensos e cruéis...

    Beijos. Votos de uma boa noite!

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  5. Foto e poema que me emocionou ver e ler. Maldita Guerra. Maldito sejas Putin
    .
    Cumprimentos cordiais
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  6. Fiquei emocionada ao ler teu poema.Tão forte, profundo como essa guerra que dizima cidades e vidas! Uma pena! beijos, tudo de bom,chica

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  7. Esta rua não é minha, nem é meu este país.
    Ouço ronco e não é de trator ou ônibus.
    A morte espreita na próxima esquina.
    Sigo me escondendo de mim abraçando a sorte.
    Muito bom grito contra toda forma de violência.
    Beijo amiga e feliz fim de semana na paz.

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  8. "Defenderei o meu chão
    com cinzas na boca."
    Tem sido assim a atitude do povo ucraniano. E como te posicionas bem no lugar de cada mãe, de cada filho, de cada homem. Como sabes pôr-te no lugar dos outros, daqueles que sofrem, daqueles que resistem. Um poema/grito que me sensibilizou imenso.
    Cuida-te bem, minha querida Amiga Ailime.
    Um bom fim de semana.
    Um beijo.

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  9. Sigo a linha dos comentários, um emocionante e tocante poema.
    Um abraço e bom fim-de-semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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  10. Incrível, dolorido, belíssimo poema que externa a maior das dores, uma guerra que não há explicação, loucura pura. O mais forte que li aqui, querida amiga.
    Aplaudo daqui, Ailime!
    Um bom fim de semana, já que é difícil desejar um ótimo...
    Beijinho.

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  11. Quanta emoção. Poesia de uma voz que não se pode calar, seja de que forma seja expressa. Admirável, foi fundo e trouxe mutos sentimentos. Parabéns, Amei.
    Bom final de semana. Bjss

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  12. Uma triste e cruel realidade dentro dum poema belo e fortíssimo.
    As guerras são frutos da ganância, egoísmo e ruindade humanos. Ah!!!
    Beijinhos e bom final do sábado.

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  13. São tantas as vezes que esta vida nos leva o chão...

    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  14. Soberbo, Ailime! Notável como a tua poesia nos faz sentir a crueldade e a violência da guerra! Meu abraço, amiga; boa semana.

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  15. Comovente poema que é a verdade pura e nua de um tempo que não deviamos estar a viver.
    Nenhum povo merece viver esta guerra.
    Comovida estou.
    Beiji
    :(

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  16. Um grito de dor, de revolta, mas ao mesmo tempo de esperança...
    Adorei...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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«Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar».C.L.