sábado, janeiro 04, 2025

Dou passos a medo

 

Dou passos a medo, não sei se me abrem
a porta.
Tinham-me dito que estava fechada,
porque as gripes e o Covid
andam por aí.

Cheguei e bati.
Dizem-me, a senhora está doente, de cama,
e não quer contágios.
(Lá terá as suas razões)!
Quem quer?

Imaginei a solidão e o silêncio
de quem vive dependente,
olhos baços que se fixam uns nos outros,
sem direito a um sorriso, a um aperto de mão, 
a uma palavra encorajadora.

O medo continua a limitar as ações
e o inverno continua frio no coração de
quem nunca viveu entre quatro paredes.

Há que acender fogueiras
para inflamar os corações.

Texto
Emília Simões
04.01.2025
Imagem Net