sábado, janeiro 25, 2025

Passei na nossa rua



Passei na nossa rua e entrei na velha casa.
Ainda não tinha voltado desde que partiste.
Chovia, chovia muito, dentro e fora de mim.
Um caudal imenso enchia o leito do rio
que, lá em baixo, refletia o teu olhar
nas lembranças, que deixaste gravadas
no mais íntimo do meu ser.
Tanto que eu gosto daquele rio!
Guarda todas as memórias de quantos
partiram e deixaram as reminiscências
do passado, sobre as névoas do rio.
Um passado, que guardo em silêncio
no meu coração, que só eu sei,
que só eu entendo, que só eu vivo,
que crepita em intimidade e saudade,
para sempre.

Texto (Para minha mãe)
Emília Simões
25.01.2025
Imagem Google

sábado, janeiro 18, 2025

Gosto do gorjeio dos pássaros,



Gosto do gorjeio dos pássaros,
quando à noite se aninham
na árvore junto à minha janela.

Gosto do som da água,
que cai daquela cascata
na encosta da serra.

Gosto do colorido
das flores, quando desabrocham
no vaso, da minha varanda.

Gosto do sol no horizonte
brilhante como os teus olhos,
quando fixam os meus.

Gosto da natureza
verde e fresca,
nos dias calmos de inverno.

Gosto do silêncio,
das tardes soalheiras
em que escuto a tua voz.

Gosto, porque gosto
das coisas simples do mundo
que, em segredo, 
me falam de vida.


Texto e foto
Emília Simões
18.01.2025



sábado, janeiro 11, 2025

Inverno, duro e frio


Inverno duro e frio,
chuva, gelo,
meninos descalços,
flores murchas,
pássaros, entoam 
melodias apressadas
de vento, em debandada.
Dias sombrios,
ruas molhadas,
passos inseguros
atravessam o tempo
que se esvai por entre
sorrisos amargos.
O silêncio
rasga memórias
dum passado próximo,
dorido, com feridas
escondidas atrás dos olhos.
Sobre o rio, uma névoa clara,
auspicia 
novas flores a brotar.

Texto e foto
Emília Simões
11.01.2024

sábado, janeiro 04, 2025

Dou passos a medo

 

Dou passos a medo, não sei se me abrem
a porta.
Tinham-me dito que estava fechada,
porque as gripes e o Covid
andam por aí.

Cheguei e bati.
Dizem-me, a senhora está doente, de cama,
e não quer contágios.
(Lá terá as suas razões)!
Quem quer?

Imaginei a solidão e o silêncio
de quem vive dependente,
olhos baços que se fixam uns nos outros,
sem direito a um sorriso, a um aperto de mão, 
a uma palavra encorajadora.

O medo continua a limitar as ações
e o inverno continua frio no coração de
quem nunca viveu entre quatro paredes.

Há que acender fogueiras
para inflamar os corações.

Texto
Emília Simões
04.01.2025
Imagem Net