sábado, novembro 01, 2025

Tertúlia de Amor (4)

 Por convite da nossa Amiga Rosélia, no seu Blogue Amor Azul, participo da 4ª edição da Tertúlia do Amor, tendo como inspiração a imagem abaixo.

Obrigada, amiga, pelo convite.


Tornei-me bailarina do amor.
O pôr do sol atrai-nos
para uma dança, que não tem fim.
Seguro a tua mão
e deixo que o vento
me embale nesta aventura
em que adentrei pela vida
contigo a meu lado.
Serás sempre o meu amado.
Contigo danço e flutuo
como se fosse uma folha
leve, muito leve,
a esvoaçar ao vento.
Seduzes-me a cada segundo
e um ligeiro toque teu 
faz-me sentir uma mulher plena.
Continuemos a dançar,
a sonhar e a acreditar
que só o amor vale a pena.


Texto 
Emília Simões
01.11.2025



sábado, outubro 25, 2025

Caminhamos pela vida

Pixabay



Caminhamos pela vida
nem sempre por caminhos retos.
Muitas vezes descalços, com os pés feridos,
a sangrar diante das contrariedades
que perturbam a nossa existência.

Longe de nós, mas tão próximos,
somos confrontados por imagens
que nos invadem através de pequenos ecrãs,
ferindo os olhos e o espírito.

Como é possível que o mundo
onde o consumismo domina de forma desenfreada
a destruir, quase sem nos percebermos,
nos coloque diante de guerras injustas,
em que a morte, a doença, a destruição
e a fome se tornaram o nosso quotidiano?

Que medidas tomamos para evitar tais horrores?
Acordos e mais acordos de paz,
mas onde? Em que locais? Em que países? 

Estamos encurralados num beco sem saída?
Perdeu-se o Norte na condição do Homem?
Por mais que inventemos, ou que a tecnologia avançada
seja implementada nos serviços e tente manipular a
vida humana, o retrocesso é praticamente inevitável!

Como será o futuro das próximas gerações?
Que podemos fazer agora para parar a tempo,
para impedir que o planeta termine de forma triste
e sombria?

Texto
Emília Simões
25.10.2025

sábado, outubro 18, 2025

Há no vórtice das palavras

 

Belinda Flores


Há no vórtice das palavras alguma solidão.
Não é que as palavras não expressem emoções,
mas, por vezes, o gume ácido da vida
não deixa que façam sentido.
Nas encruzilhadas dos trilhos que percorro,
como pássaro sem penas, ouço ao longe
o som do silêncio, que me corta a voz.
Há inúmeras metas a percorrer,
para melhor entender o significado
do que me rodeia, do que me espanta.
Porque a vida não sendo linear
é composta por sóis e luas,
por abraços e palavras,
por ecos e resplendores,
nos silêncios partilhados.


Reedição
 (revista)
Emília Simões
26.11.2022

sábado, outubro 11, 2025

Debruçada na manhã

Irismar Oliveira


Outono, tempo de frutos maduros
com sabor a mel, brilhantes
como os teus olhos,
que fitavam o mundo
misterioso e belo,
que te sorria ao amanhecer,
quando abrias a janela
num gesto sempre igual.
No horizonte raiavam
as cores ténues da aurora,
que acolhias no teu regaço
como se um novo universo
se revelasse a teus pés.
Debruçada na manhã
desviavas o olhar 
para o rio azul que, 
serenamente, te entoava
uma canção de embalar,
melodia que, ainda hoje, 
guardas como um barco a balouçar,
no silêncio das nuvens
que navegam no mais profundo
do teu ser.

Texto
Emília Simões
11.10.2025


sábado, outubro 04, 2025

Recomeçar a viver

Edvard Munch


O medo está presente
na essência da existência.
Limita os gestos,
as emoções,
perturba a nossa identidade,
distancia-nos do convívio social.
O medo é como um gigante
que bloqueia o potencial do ser humano
para alcançar a sua realização plena.
O mundo apresenta-se como um desafio
convidando-nos a libertar-nos,
a soltar as correntes que nos prendem
às suas garras.
Existe um universo
que nos chama e espera por nós,
pela nossa empatia,
pelo nosso amor.
Não devemos temer.
Superemos o medo e a apatia,
sentindo-nos livres para recomeçar a viver.

Texto
Emília Simões
04.10.2025


quarta-feira, outubro 01, 2025

Tertúlia de Amor (3)

 Participo na 3ª edição da Tertúlia de Amor, por convite de nossa Amiga Rosélia, no seu Blogue Amor Azul, mediante uma imagem para inspiração.

Convite aceite, o qual muito agradeço.


Unidos pelo amor,
aqui nos deleitamos lendo
a história do início da nossa paixão.
Páginas e páginas
como pautas musicais,
onde registámos em harmonia
as doces melodias do nosso viver,
que nos têm ajudado a 
aprofundar o nosso enlace
que, em cada dia, nos transforma
em seres que se entregam
em plenitude, numa dádiva
repleta do mais sincero e puro amor.
Muitos capítulos ainda por escrever.
A nossa união ainda agora se iniciou.
Vamos, unidos, de mãos dadas,
trilhando os nossos caminhos,
aproveitando a vida e a beleza
que nos envolve, o ar que respiramos;
tudo o que nos possa ajudar a compor
a mais linda sinfonia de amor.
Simplesmente, nossa.


Texto
Emília Simões
01.10.2025

sábado, setembro 27, 2025

Ao olhar pela janela

Freepik IA



Ao olhar pela janela 
contemplo o outono,
que cruza a rua
a saudar-me em rodopio,
presenteando-me com uma brisa,
em sinfonias que nunca tinha ouvido.

O meu corpo curvado
denota a queda das folhas
entrelaçadas na minha cintura,
num gesto que me fez sorrir.

O corpo nunca permanece igual
e os meus sentidos recusam
essa dança imaginária
que gira ao meu redor.

Texto 
Emília Simões
27.09.2025




quinta-feira, setembro 25, 2025

Simples palavras

  

 O refúgio no silêncio é como a luz que nos banha ao entardecer.
Apazigua o espírito e liberta o pensamento. 

Texto e foto
Emília Simões
2016

sábado, setembro 20, 2025

Verão, quase outono

Pixabay


Verão, quase outono.
Tempo em brasa,
dias curtos
que ensombram a vida.
Nos olhos a solidão
das folhas que, aqui e ali,
pintam o chão de amarelo.
A minha alma veste-se 
de melancolia.
O tempo, implacável,
continua desafiando
a contemplação,
a serenidade,
na esperança
do retorno aos dias,
em que as horas se prolongam na luz.
É quase outono.
Uma folha amarelecida,
trémula, ressequida,
desprende-se de mim
.

Texto 
Emília Simões
20.09.2025

domingo, agosto 31, 2025

Vestígios de mar


Vestígios de mar 
incendiaram-lhe o peito.

Da pedra emergiu a forma,
ainda disforme.

Nos dedos submersos
e distorcidos
navegaram ondas e marés,
na erosão perfeita da arte.

A sua voz, atravessou a noite
e fundiu-se como que
num grito heroico.
A obra nascia.


Texto
(Reedição revista)
Emília Simões
Imagem Google

(Estarei ausente nas primeiras três semanas de setembro).

sábado, agosto 23, 2025

Nos momentos em que o silêncio

Pixabay

Nos momentos em que o silêncio
arde no meu peito,
ouço a voz do vento
que arrasta no tempo
as primeiras folhas de outono
que, sob o meu corpo,
estremecem de tanta secura.

Ainda é cedo, mas o outono
insinua-se e as horas encurtam
os dias, que os ponteiros
dos relógios, já gastos,
vão empurrando com espanto.

O meu desejo é que
as flores continuem a brotar,
nos campos áridos,
junto à minha porta.

Texto
Emília Simões
23.08.2025

sábado, agosto 16, 2025

Nas margens do meu rio

Vecteezy


Nas margens do meu rio

há uma enorme angústia,

uma sede intensa.

Tudo arde, até o leito do rio

emana labaredas 

que queimam os peixes.

Do teu rosto

soltam-se gotas de suor

e o sal cava-te rugas profundas

nas entranhas,

que choram

o calor da terra, do mundo.

Um deserto aproxima-se.

Perdi a noção do meu espaço.

Tudo se transforma.

Fico imóvel como pedra.

Ao meu redor apenas silêncio

e o chão em brasa.


Texto
Emília Simões
16.08.2025


sábado, agosto 09, 2025

Neste mar imenso


Neste mar imenso mergulho o meu olhar,

a minha sede, os meus sonhos, o meu silêncio.

A brisa marinha envolve-me, cálida, mas serena.


Sentada numa escarpa,

atenta ao vaivém das ondas

que, em espirais, rodopiam agitadas,

como numa dança, numa linguagem,

que desconheço,

sinto como que um convite a meditar,

nas minhas escolhas, nas minhas imperfeições.


No horizonte, o sol já há muito adormeceu.

Fico mais uns instantes,

até que um pássaro voa rasgando o céu nublado,

deixando-me só, a cismar.


Neste momento renuncio ao silêncio.

Apenas a voz do mar continua

entranhada em mim.


Texto e foto
Emília Simões
09.08.2025


sábado, agosto 02, 2025

Pobre mundo

Foto: Hosny Salah - Pixabay


Pobre mundo este em que habitamos
corroído pela avareza, pelas tribulações,
pelas vaidades, pelos excessos, 
pela corrupção.
As guerras, a fome, o abandono
de tantos à beira dos caminhos,
estendendo as mãos carentes de tudo.
Rostos dilacerados pela dor,
pela indiferença, pela miséria.
Impávidos e serenos, somos testemunhas
numa inação que fere a alma.
O que poderemos fazer para amenizar
tanta angústia, tantas doenças,
tanto desânimo?
Existirá um caminho, uma solução
para aliviar os seres humanos
destes tormentos?
Apesar de sermos minúsculos
no cosmos em que vivemos,
como uma gota de água no mar,
resta-nos servir de exemplo 
lutando com todas as nossas forças,
para que a claridade possa brilhar
na consciência e no coração
da humanidade.

Texto
Emília Simões
02.08.2025

sábado, julho 26, 2025

Na imensidão do silêncio profundo

 Pixabay



Na imensidão do silêncio profundo,

que me paralisa o pensamento

e me impede  de ver o dia claro, 

ouço a tua voz

que me liberta desta penumbra

e auxilia na libertação das palavras,

presas dentro de mim.

Um pássaro levanta voo

e corta o horizonte com um sopro,

anunciando a chegada do amanhecer.


Emília Simões
26.07.2025


sábado, julho 19, 2025

Sentada sobre o passado

 

Aviv Muzi


Sentada sobre o passado relembro histórias
que me despertam emoções 
vividas ou sentidas, que hoje apenas revivo.
Outrora vivi, cresci, rodeada de flores,
livros e folhas balançando ao vento,
que me anunciavam novos universos
e novas formas diferentes de estar e viver,
que não me deixaram maravilhada.
O mundo que conhecia tinha claridade
e tudo ao meu redor era puro.
Águas frescas e cristalinas,
prados verdes e flores silvestres,
aromas a estevas e pinheiros bravos,
e frutas maduras, que colhia das árvores.
Rios de águas límpidas,
onde barcos deslizavam suavemente,
como brisas leves pelas margens.
A natureza era um reino onde libertava
as minhas fantasias de criança
e me sentia livre e longe do espetro
de guerras e calamidades.
Naquela época, parecia que o mundo
era só meu.
Hoje, apenas memórias e saudades
habitam profundamente em mim.


Texto
@Emília Simões
2025.07.19

sábado, julho 12, 2025

Hoje não escrevo


Hoje não escrevo.

Não me apetece.

Passeio ao ar livre e fresco

e deixo que as palavras

se escoem no tempo

e se enleiem nas folhas

e no canto dos pássaros.

À margem de mim,

à margem dos meus sentidos,

dos meus sonhos.

Nas margens do meu rio.


Texto e foto
Emília Simões
10.07.2025

sábado, julho 05, 2025

Madrugada, noite escura

Pixabay

Madrugada, noite escura,

um trilho, um desvio,

uma detonação.

Dois pássaros tombam

na noite em chamas,

ao raiar do dia

sem luz, na penumbra

de um porvir extinto.

Entre as cinzas

o vazio,

a incredibilidade,

a dor, o pranto.

O mundo desabou.

No ventre materno

o coração geme de dor.

( A minha humilde e sentida homenagem
aos dois manos, família e amigos).

Texto 
Emília Simões
05.07.2025




sábado, junho 28, 2025

Na agitação do mundo

Pixabay


Na agitação do mundo
em que a paz anda ausente,
será que a poesia ainda 
encontra espaço no nosso pensamento,
nas nossas mãos, no nosso olhar?
Questiono-me e as palavras
parecem colar-se à minha garganta
e permanecem presas na língua.
Uma intensa secura apodera-se de mim,
assemelhando-se a um deserto sem oásis.
O silêncio invade profundamente o meu âmago
e fico a cismar sobre o destino
do Planeta que habitamos,
cada vez mais contaminado
e marcado pelos resquícios das guerras.
A poesia terá força para resistir                                            
e contribuir para um mundo renovado?
O meu pensamento conseguirá soltar-se
e proporcionar liberdade à criatividade?
Será que a minha cisma é apenas momentânea?



Texto
@Emília Simões
28.06.2025




sábado, junho 21, 2025

Abraçar o verão


Na minha quietude
procuro refúgio entre sombras e flores,
sob o sol que arde fortemente
incendiando-me o olhar e o pensamento.
O meu corpo, lento, arrasta-se
como asa ferida, de ave em sobressalto.
A travessia é difícil; a sede seca-me os lábios.
As palavras emudecidas
não localizam o caminho até à fonte.
O suor  molha-me o rosto, todo o corpo.
O silêncio incita-me a resistir
e a abraçar o verão.


Texto e foto
@Emília Simões
21.06.2025




sábado, junho 14, 2025

Na solidão dos dias

Pixabay


Na solidão dos dias a minha mente viaja
para um tempo em que o mundo era puro
habitado por gentes simples e com um sol mais radiante.

Nas correntes de águas límpidas viam-se cardumes de peixes
que se moviam com graça e suavidade.

A lua e as estrelas cintilavam no céu
e a noite era um cenário majestoso e belo.

Nos campos flores de mil tonalidades
sorriam-me sempre que me debruçava para as apreciar.

Era uma época de quase nada,
porém oferecia quase tudo em termos de beleza, cor e harmonia.

Gestos singelos mitigavam  dores e sedes,
em amistosos convívios nas sombras, dos dias quentes de verão.

A palavra guerra não existia.
A amizade, a entreajuda, as risadas e brincadeiras
ajudavam a amenizar períodos de trabalho árduo,
mas a respiração era leve.

Texto
@Emília Simões
14.06.2025

sábado, junho 07, 2025

Em silêncio escuto o universo

Pixabay


Em silêncio escuto o universo.

As sombras sussurram o medo

sufocadas por trevas sem fim,

que refletem nos escombros

a vergonha da humanidade.


Os pássaros deixaram de cantar

a melodia do alvorecer;

enfileirados num galho,

estáticos, não ousam acordar.


Num movimento incessante

passos sem corpos cruzam-se

no vazio da noite,

num mundo transmutado.


Chegou o momento de despertar,

de abraçar as luzes

que dissipam a escuridão

e alimentam os sonhos.


Texto
@Emília Simões
07.06.2025

sábado, maio 31, 2025

As palavras tardam

Pixabay


As palavras tardam no reverso do verso.

O silêncio abriga-as e recolhidas não se soltam,

coladas à garganta, que sufocada pela inação,

não as deixa fluir.

A minha voz, cada vez mais rouca,

imperceptível, não soletra nenhuma palavra,

nem uma sílaba, uma letra sequer.

Na minha angústia brado ao vento 

que me sopre uma brisa, um novo alento,

que me deixe respirar as palavras.

Num instante os sentidos despertam.

As palavras brotam e com elas 

novos versos, novas rimas, preenchem

o meu vazio e a essência é revelada.


Texto
@Emília Simões
31.05.2025



sábado, maio 24, 2025

Permite que a luz

Fotos de stock

Permite que a luz penetre a minha sombra
e liberte os destroços que me levam à queda
nos abismos, que cruzam os meus percursos.


Permite que o meu olhar se estenda até ao horizonte
para apreciar o voo das aves
na melodia do entardecer, que acolho no meu peito.


Permite que o meu sonho se expanda ao longo daquela estrada
por onde caminho descalça e sozinha,
onde apenas procuro o pulsar de uma emoção.


Permite que seja apenas eu e o calor do teu abraço.

Texto 
@Emília Simões
24.05.2025




sábado, maio 17, 2025

A casa parece-me tão longe...

Pixabay


A casa parece-me tão longe...
Partiste e deixaste-a vazia.
As andorinhas ainda fazem o ninho no beirado
e as rosas do quintal ainda lá estão perfumadas.

O meu silêncio fala-me de ti
e da casa cheia, com os risos das crianças,
e das festas que improvisavam só
para te ver sorrir.

Tudo está diferente e até o tempo
anda caótico, em alternâncias constantes,
num Planeta já tão pouco azul.

Os peixes do rio também
já não são os mesmos. A poluição matou-os.
Agora já nem lhes sei os nomes.

Quero apenas recordar o tempo
do nosso tempo, tão claro, tão transparente,
com o sol nascente e poente
a incendiar-nos os dias.


Texto:
@Emília Simões
17.05.2025

sábado, maio 10, 2025

A primavera


A primavera é feita de coisas, que não precisam de nomes.
Tonalidades diversas a perder de vista...
Pássaros a gorjear voejando em redor do ninho;
a cria espia a migalha que a mãe lhe coloca no bico.
Uma orquestra toca, suavemente, a melodia
da paz e da esperança e os insetos cirandam
à volta do néctar, que sugam com sofreguidão.
Lá longe a casa continua deserta, sombria,
cercada por muros de primaveras remotas.
Já não a reconheço, a primavera é feita de coisas
que guardo entre as minhas mãos.


Texto e foto
Emília Simões
10.05.205



sábado, maio 03, 2025

Um manto de silêncio



Um manto de silêncio envolve-me;
a minha alma submersa em penumbra
soturna, por não te encontrar.

Talvez o cansaço não me deixe respirar
a natureza, repleta de árvores a dançar
e os pássaros alegres, que voam em meu redor,
tentando despertar-me desta letargia.

Vislumbro no horizonte uma luz
que me fixa intensamente.
Talvez seja o reflexo do meu sentir
mergulhando placidamente nas cores
do entardecer.
.................................................
Anoitece e dentro de mim, sinto
o revoar de um novo amanhecer,
de uma nova esperança, que me
acorde deste silêncio profundo,
que me faça acreditar num novo rumo.


Texto e foto
Emília Simões
03.05.2025


sábado, abril 26, 2025

Na sede que se fez alvorada

LovePik


Na sede que se fez alvorada

ainda ressoa o canto dos pássaros

que, em grande alvoroço,

sobrevoavam as cidades

clamando por justiça e amor.

Os ecos eram tão vigorosos,

que estradas se rasgaram de lés a lés

e todos avançavam no mesmo sentido,

a espalhar a notícia, que pairava no ar.

Foi um dia único na vida de um país

cinzento, triste, em que a primavera

se celebrava apenas nos campos.

Foi plena a festa que, nesse dia,

fez germinar nas cidades

campos de flores vermelhas.


Texto 
Emília Simões
26.04.2025

sábado, abril 19, 2025

Abro a porta ao silêncio


Abro a porta ao silêncio
e refugio-me nas memórias,
que tenho albergadas em mim.

São memórias longínquas,
que se vão desvanecendo,
como nuvens que se desfazem
impelidas pelo vento, deixando uma
estrada no céu.

Distancio-me, indolente,
tentando enxergar outro lugar para
guardar as lembranças,
que submergem entre sombras
e solidões que, de instante a instante,
se mostram à minha passagem.

Procuro uma luz para as proteger,
para que fiquem intactas, sempre
que me recordar dos dias em que tudo
era claro e as aves voejavam
em alegres bandos, dentro de mim.

Reedição revista
Emília Simões
29.01.2024
Imagem Google

Desejo a todos uma santa e feliz Páscoa!

sábado, abril 12, 2025

Escrevo sobre pedras e espinhos

Freepik

 Escrevo sobre pedras e espinhos;
a rota é dura e longa
e o meu traço desgasta-se
 como poeira ao vento.
Perdi-me nos trilhos;
não reconheci nas pedras
o esquiço do meu trajeto
e fiquei desamparada e só.
No  meu silêncio,
tentei escutar-te 
nas encruzilhadas 
dos caminhos.
A tua voz velada
sumiu-se e não te ouvi.
Sentei-me no cimo dum monte
a perscrutar o horizonte.
.........
Nos passos do teu deserto,
encontrei-me.



Texto
Emília Simões
12.04.2025

sábado, abril 05, 2025

Um poema germina


Um poema germina como uma árvore.
Dissemino palavras, imprecisas,
sob a magnólia do jardim;
Deixo que o tempo as faça florescer na primavera.
Não sei se as palavras tem odor, como as flores do jasmim
dependuradas do muro, em redor da casa.
Todos os dias espreito da janela
para enxergar alguma palavra, nas folhas
da magnólia, mas o vento, em rodopio,
confunde-me o olhar.
Numa manhã, deparo-me com um broto,
que me parece uma folha a perfurar
uma pétala de magnólia, caída no chão.
O poema inicia o seu ciclo
e, como a primavera, chegou o tempo
de vicejar.

Texto e foto
Emília Simões
05.04.2025

sábado, março 29, 2025

Nas montanhas aprendi o rumo


Nas montanhas aprendi o rumo
por caminhos oblíquos.
Rasguei a fome com mel
e flores silvestres.
Caminhei só, ao sol, à chuva,
suspensa em ramos de árvores
que me serviam de abrigo.
Subi a pulso um monte e outro.
O meu corpo transpirava sangue,
a noite entranhava-se-me na pele.
O silêncio fazia-me companhia.
Dormi com as aves e acordei
suspensa nos ninhos.
Chove sobre os meus olhos.
As nuvens parecem fontes
que se transformam em rios.
...
Agora o sol beijou-me o rosto.
Nas sombras encontrei a luz
e nas palavras renasci.

Texto e foto
Emília Simões
29.03.2025 

sábado, março 22, 2025

Semana Comemorativa do Dia Mundial da Poesia

 

A minha segunda participação nesta semana comemorativa do Dia Mundial da Poesia, a convite da Amiga Rosélia, no seu Blogue ESCRITOS D'ALMA, com a imagem nº 6 para inspiração.


Um encontro furtivo.
No jardim das nossas almas
jurámos eterno amor.

As palavras que trocámos, em surdina,
eram como uma aragem 
a oscular nossos corações.

Os nossos olhos, como faróis,
atraíam-se mutuamente,
nos recônditos do nosso âmago.

O nosso refúgio continua intacto.
As flores, os aromas, as cores,
tudo chameja
num terno e doce laço.

Emília Simões
22.03.2025

segunda-feira, março 17, 2025

Semana Comemorativa do Dia Mundial da Poesia


A minha participação nesta semana comemorativa do Dia Mundial da Poesia, a convite da Amiga Rosélia, no seu Blogue ESCRITOS D'ALMA.



Os teus olhos seduziram-me
como duas azeitonas verdes,
brilhando como candeias acesas.

Enleaste-me com os teus braços,
os meus com ternura te enlaçaram.
Por instantes, ficámos em silêncio.

Nossos corações sedentos,
unidos, batendo com vigor,
beberam da mesma fonte.

Era o início de um pacto,
que sendo tão desejado
se colou ao nosso viver.

Emília Simões
15.03.2023

sábado, março 08, 2025

O silêncio do deserto


O silêncio do deserto
convida a contemplação,
a introspeção,
numa busca interior
em que os ruídos
do mundo não interferem.
No deserto não há solidão.
Apenas o desejo de escavar no 
mais profundo do âmago
o que perturba, o que não está bem,
o que cega e retira o brilho
do sentido da vida.
Deserto, terreno propício
à conversão dos atos
e formas de viver.
No deserto há sempre
um espaço favorável
para colher uma flor.

Desejo a todas as Mulheres
Feliz Dia!

Texto e foto
Emília Simões
08.03.2025