terça-feira, janeiro 11, 2011

"Tanta gente..."

“Tanta gente…tanta gente… e ninguém…”!....


Não completou a frase soletrada num choro interior, que me fez saltar as lágrimas,  segurando com alguma dificuldade um pequeno prato de plástico, que serve de base aos vasos de flores, no qual esperaria que alguém depositasse algumas moedas.


O prato estava vazio.

Eu tinha acabado de almoçar quando me cruzei com ele. Voltei atrás e olhei o seu rosto cavado por profundas rugas  e não vi qualquer sinal de animosidade.


No arrastar do seu corpo curvo apenas notei o cansaço, sim um enorme cansaço num homem desgastado pela idade, muita idade, com muito sofrimento, com muitas desilusões certamente, mas a quem apenas ouvi a frase, que passadas algumas horas, ainda ecoa no meu coração:


“Tanta gente… tanta gente... e ninguém…”!

Ailime
Hoje, Lisboa (11.01.2011)

Imagem da Net

13 comentários:

  1. "Tanta gente e ninguém."
    Pois a verdade é que as pessoas estão muitas vezes sós no meio da multidão.
    Tenho pensado nisso ultimamente.
    Mas Deus está sempre connosco
    "Feliz aquele que tem por ajuda o Deus de Jacó .e por Esperança o Senhor seu Deus"
    Salmo 146:6
    Beijinhos da Utilia

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  2. Amiga Ailime
    Como me tocou também este testemunho...fico me recriminando por quantas vezes eu faço parte dessa "gente" que afinal não é ninguém, quando não vejo ou ignoro quem está a um canto...
    É a solidão acompanhada.
    Que Deus nos ajude a não ficarmos de corações endurecidos.
    Obrigada por me fazer reflectir assim, hoje.
    Beijinho muito amigo

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  3. Quanta gente e ... ninguém! A dor é profunda ver esse sofrimento ainda no mundo. Altas tecnologias, viajando para outros planetas, pousando na Lua e há pessoas ainda nesse estágio. É triste! Ailime, muito triste. Misericórdia, Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó! Abração!

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  4. Amigas Utília, Dulce e Maria Luiza,
    Dói mesmo muito ver nas ruas da nossa Capital tanto idoso como que perdidos no meio da multidão que praticamente os ignora.
    Reparo e penso muito neles pelo respeito que me merecem.Quando posso ajudo quase nada.Que posso fazer? São tantos...
    Sei que muitos deles são assistidos à noite por voluntários que fazem o seu melhor na ajuda de alimentos e roupas de agasalho.
    Mas...há ainda tanta coisa por fazer.
    Grata por entenderem o meu desabafo.
    Beijinhos amigos da
    Ailime

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  5. Recentemente, ou seja, por alturas do Natal, soube de iniciativas a favor dos sem-abrigo em Viana. E fiquei chocada, porque jamais havia pensado que seria possível que existissem sem-abrigo tão perto de mim...
    Este seu texto faz pensar, faz meditar naquilo que tantas vezes desprezamos ou ignoramos: a mão que se nos estende, a esmola que nos é pedida, o olhar envergonhado de quem tem fome...
    Um beijinho

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  6. Amiga Felipa,
    Sim, é isso e há muitos anos que todos os dias me cruzo com pessoas assim, mas nunca tinha ouvido uma frase dita de um modo, diria, quase divino (pensei em Cristo, ali...)que me abalou muito e desde criança que gosto imenso de lidar com idosos.
    Grata pela sua presença.
    Beijinhos da
    Ailime

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  7. Que dizer, Ailime? Que dizer? A sociedade como que nos indiferencia ao nosso proprio semelhante. Um sem abrigo ou outra situaçao anaáloga, ja nao sao pessoas; inconscientiza´mos serem coisas sem direito a fala. Tanta gente e nin guém, de facto. E tantos de nós que somos sem-abrigo que so nos conhecemos...

    beijinhos e orbigado pela amizade e pelas palavras

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  8. Amiga Ailime,
    Tanto há que sentir/dizer...mas tudo aqui já foi escrito.
    Realmente andamos pelos Céus em descobertas do fantástico! E o real e o fantástico "desumano" está aqui, bem ao lado de todos nós...isto faz-me lembrar...e não tenho nada contra os animais de estimação...sempre os tive em minha casa quando vivia na província e até aqui, na capital, já tive durante sete anos a nossa amiguinha Spring que vai sempre fazer parte desta família...mas, dizia eu, quantos há que tratam muito e bem os animais. Mas as mães, pais, etc...que precisam de assistência moral, presencial e até muitas vezes financeira...ficam no esquecimento.
    Coloco este item, pois ainda não estava aqui mencionado e observo, a par e passo, estes casos.
    Lindo o seu texto muito reflexivo.
    Forte abraço
    Mer e família

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  9. Daniel (Querido Lobinho),
    Assim é infelizmente:"A sociedade como que nos indiferencia ao nosso proprio semelhante".
    Esta sua sublime frase diz tudo! Que dizer? Que fazer?
    Vamos tentando o nosso melhor tanto quanto pudermos e soubermos.
    Um beijinho e muito grata pelas suas palavras.
    Beijinhos com o meu carinho.
    Com amizade,
    Ailime

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  10. Olá amiga e Doce Mer,
    É bem verdade o que afirma. Quantos casos como os que aqui deixa referidos não acontecem.
    É dificil conceber situações assim mas que existem não tenhamos dúvidas.
    Agradeço-lhe também o seu contributo, porque nunca é demais alertar para o modo de vida de muitos destes nossos irmãos e para quem não se vislumbra solução para alterar tudo isto. Antes pelo contrário. Tenhamos Fé.
    Deixo-lhe um beijinho com muita amizade e abraço a sua preciosa Família.
    Com amizade,
    Ailime

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  11. Muito Profundo

    bjs
    Insana

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  12. Alime querida tanta solidão neste mundo sem brilho que será de nos que nos espera?Só Deus sabe.Beijinho

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  13. Olá, amiga!

    Em relação ao seu estimado comentário, digo-lhe, em 1ª mão na net,
    que a minha exposição As cores do Poema, estará em Lagos, no antigo edifício da Câmara, mesmo no centro da cidade, todo o mês de Julho.

    Saudações minhas

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«Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar».C.L.