sábado, outubro 11, 2025

Debruçada na manhã

Irismar Oliveira


Outono, tempo de frutos maduros
com sabor a mel, brilhantes
como os teus olhos,
que fitavam o mundo
misterioso e belo,
que te sorria ao amanhecer,
quando abrias a janela
num gesto sempre igual.
No horizonte raiavam
as cores ténues da aurora,
que acolhias no teu regaço
como se um novo universo
se revelasse a teus pés.
Debruçada na manhã
desviavas o olhar 
para o rio azul que, 
serenamente, te entoava
uma canção de embalar,
melodia que, ainda hoje, 
guardas como um barco a balouçar,
no silêncio das nuvens
que navegam no mais profundo
do teu ser.

Texto
Emília Simões
11.10.2025


16 comentários:

  1. Olá, querida amiga Emilia!
    Que o outono lhe traga lindas inspirações.como a que leio agora!
    A cada Estação, um novo horizonte desponta em nosso coração poético.
    Tenha um final de semana abençoado!
    Beijinhos fraternos

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  2. Muito lindo,Ailime e debruçada numa manhã de outono poetaste magnificamente!Adorei!
    Ótimo domingo! beijos praianos,chica

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  3. Um lindo canto em que vamos reconstruindo as cenas e o sentimento de pertencimento pela natureza do lugar e vem este contentamento e mergulho em toda a existencia nesta sintonia.
    Uma maravilha de construção Ailime.
    Bom domingo de feliz semana.
    Bjs de paz no coração.

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  4. Bello poema. te mando un beso.

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  5. O Outono é nosso e de quem mais queira partilhar connosco.
    Um abraço.

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  6. Tão belo, minha Amiga! Também vou debruçar-me na manhã para ver se o outono me deixa ver esse rio azul a entoar a canção de embalar que não tive em criança.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  7. Há memórias que não se desvanecem.
    Belíssimo poema, diria edílico, dadas as magníficas imagens que vão percorrendo o poema. Gostei imenso, excelente.
    Boa semana.
    Um beijo.

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  8. Um poema muito bem construído, uma homenagem à mãe (?) que já partiu, memórias outonais de um tempo mais simples, mais sentido - todos os sentidos são invocados no poema - que nos transporta para um espaço idílico, o rio azul, o mel dos frutos, a aurora, o regaço da mãe e a invocação da permanência desta através da memória. São as memórias histórias que contamos a nós mesmos, repetidas vezes? E se são histórias, serão elas em parte lembradas, em parte mutadas, sujeitas às nossas interpretações e percepções. Que podem mudar, às vezes até de acordo com o nosso estado de alma. Haverá memórias imutáveis, que mantemos como refúgios quando tudo em nosso redor nos faz sentir inadequados? Será esse o papel das memórias? Sermos transportados para outro tempo, outras pessoas que precisamos para viver, de quem sentimos falta? Uma fantasia do espírito, um sonho acordado. Vou num comboio e a paisagem muda constantemente pela janela. Na viagem da vida, as memórias da infância são as mais marcantes, nunca igualadas. Talvez porque tínhamos tempo, e a paisagem não se esvaziava tão depressa pela janela. Talvez porque estávamos mais abertos, braços abertos para a vida. O desafio é então voltar a abri-los, creio. Muitos beijinhos

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  9. Boa tarde Emília
    Belíssimo poema aqui partilha. Onde as boas memórias emergem no sentir das emoções
    Gostei muito.

    Beijinhos carinhosos, e feliz semana!

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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  10. Versos que despertam universos de emoção em nós, Emília; que belo poema, amiga! Meu abraço, boa semana.

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  11. Olá Emília
    A abertura com os frutos de sabor a mel e olhos brilhantes é de uma ternura imediata. O Outono aqui não é melancolia, mas a época da plenitude da memória.
    É belíssima a forma como o poema constrói a cena: o amanhecer, as 'cores ténues da aurora' e o gesto de acolher o 'novo universo'. Uma celebração da simplicidade dos rituais.
    Beijinhos

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  12. Bela poesia, com sabor a mel e aos frutos maduros de outono. Nostalgia e saudade, que se combinam às boas lembranças dos tempos vividos! Boa semana, minha amiga; meu abraço.

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  13. Tão bom debruçar-se numa janela de manhã cedinho e ver o dia nascer, pensando nas coisas da vida, nas nossas e deixar extravasar nossos sentimentos pelos caminhos do coração e da memória.
    Muito lindo, Emília!
    Uma ótima semana, com amor e paz!
    Beijinho, amiga.

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  14. Pinceladas tão realistas nas palavras que transportam tanta emoção e nostalgia , querida amiga ! Lindo outono , magoadas recordações mas tão cheias de amor !
    Beijinho !

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  15. Também gosto de me "debruçar na minha janela" e admirar o que a minha "vista" alcança!
    Poema muito bonito, parabéns.
    Abraço.
    https://rabiscosdestorias.blogspot.com

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  16. Boa noite Emília.
    Passando por aqui, para desejar um bom fim de semana, com tudo de bom.

    Beijinhos, com carinho e amizade.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
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