«As palavras pesam. Um texto nunca diz a dor das pequenas coisas» Graça Pires in Poemas escolhidos
quarta-feira, dezembro 31, 2014
Recomeçar
Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
Miguel Torga
Foto: Ailime
Desejo-vos um bom Ano Novo!
Obrigada pela vossa presença
e carinho ao longo de 2014.
sábado, dezembro 20, 2014
Mãe
Tela de Almada Negreiros |
Mãe sim ventre rasgado luz
Mãe regaço vida acolhida
Mãe confiança amparo guia
Mãe silêncio escuta caminho
Mãe sorriso ternura abraço
Mãe zelo dor esperança
Mãe amor perdão alegria
Mãe remédio protecção embalo
Mãe solidão mulher coragem
Mãe ditosa brilho harmonia
Mãe que acolhe multiplica o amor
Mãe coração amor infinito.
Desejo a todos um santo e feliz Natal.
domingo, dezembro 07, 2014
Os meus olhos ainda se espantam
Os meus olhos ainda se espantam
Com o voo rasante das
aves
Que transportam nas
asas
A candura das nuvens
Como se o amanhecer
As volvesse às marés
Em vagas de espuma alva
A beijar os barcos da praia
Como novelos de lua cheia
A resvalar na praia deserta
Ailime
07.12.2014
Imagem Google
sexta-feira, dezembro 05, 2014
A porta
Tela de José Malhoa |
A porta azul entreabriu-se a soluçar
E da janela já não irrompe a luz
Que anunciava o nascer da aurora.
O relógio continua embutido
Na parede de cal branca
Com os ponteiros estáticos
Gélidos como o orvalho da madrugada.
Lá em baixo os lírios murcharam
E os muros esboçam o tempo
Em gestos rasgados de musgos.
No celeiro apenas sombras
Ecoam gritos de silêncios
Esmorecidos no eco dos escombros.
Lá fora os pássaros
Continuam em bandos
A sobrevoar o rio.
21.11.2013
Ailime
reposição
sexta-feira, novembro 28, 2014
A manhã sucumbe
A manhã sucumbe sob a claridade dos pássaros
e o outono recorta nas folhas o frio do inverno.
Muros desabam e desatam algemas de inanição
em evasivas alcandoradas no tempo e no espaço.
Os garrotes estrangulam-te na garganta a esperança
e os barcos arremessam ao mar os mastros
que baloiçam alvejados por relâmpagos.
Na praia gaivotas feridas libertam as marés.
28.11.2014
Ailime
(Imagem Google)
sexta-feira, novembro 21, 2014
Recordo-te
E nas manhãs orvalhadas pelo frio
Que antecipava o Natal
Mas era Novembro
E o rio lá em baixo
Acenava-te a vida
Iluminava-te o olhar
Não te vás embora
O rio ainda corre e chama por ti
Olha o sol a entrar pela janela
Olha a chama acesa na alma
O Natal não aconteceu
E o rio lá em baixo subiu
Subiu e desaguou em mim
O leito feito dor
Que ainda hoje goteja nas margens
O azul da saudade.
Era Novembro, era quase Natal.
Ailime
05.11.2013
(21.11.95)
(21.11.95)
(Reposição)
sábado, novembro 08, 2014
O barco
domingo, novembro 02, 2014
Margens
Há um rio que em novembro
me escorre na alma a saudade dos dias
quando o presente e o futuro
se confundiam nas tardes
e a brisa nos
afagava os rostos
reflectidos nas margens
que jamais apagarão a tua ausência.
(Em memória da minha avó)
(Abril 1907- Nov. 1995)
Texto e foto
Ailime
02.11.2014
quinta-feira, outubro 23, 2014
Naufrágio
domingo, outubro 19, 2014
Há dias
quarta-feira, outubro 08, 2014
Tira as traves dos olhos
Tela de Claude Monet |
Tira as traves dos olhos e abre as janelas ao sol
E repara como lá fora a vida flui num ritmo célere
Como se hoje fosse o último dia de inverno
Corre à descoberta dos mares encobertos
Por sombras que um dia te vendaram a alma
E não deixes que as névoas de cerceiem os sonhos
Deixa-te cingir pelo rio que desce a montanha
E com suavidade te canta os segredos da água
No pulsar das margens que te salpicam o olhar
Não recuses a luz que te aclara o entardecer
E deixa que os pássaros partam em debandada
E que a terra te respire o orvalho da manhã.
Texto
Ailime
08.10.2014
quinta-feira, outubro 02, 2014
Por entre vígulas
Tela de Katia Alam |
Por entre vírgulas, reticências e interrogações
Deixo cair as palavras e o poema
Fica suspenso num emaranhado de teias
Que me circundam e paralisam a voz
Percorro o infinito e pergunto às estrelas
Onde estão os ecos
dos dias
Quando o sol despertava
os meus dedos
Nas manhãs raiadas de primavera
Apenas o ocaso me responde
Numa folha amarelecida pelo tempo
Que os barcos ainda navegam
Em oceanos de marés cheias.
Ailime
02.10.2014
quarta-feira, setembro 24, 2014
Há um rio
Há um rio que me percorre as entranhas
Nas margens azuis dos sonhos
Esquecidos nas proas dos barcos
Atracados em cais abandonados.
Há um rio que me crava no peito
A dor da saudade,
Como labareda que arde e fere.
Há um rio que me afaga a alma,
Me abraça no tempo e desperta.
Há um rio impregnado de luz
Que sempre me orgulha e espanta!
Há um rio banhado de nuvens
Que invoco e abrigo no coração.
terça-feira, setembro 16, 2014
Na evasão das palavras
Na evasão das palavras
Apenas o silêncio da chuva
Me sussurra a sua ausência.
Ailime
16.09.2014
Foto Google
domingo, setembro 14, 2014
Poemas de que gosto (I)
O Meu Olhar
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Alberto Caeiro
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
Foto:
Ailime
quarta-feira, setembro 03, 2014
Há nas primeiras folhas de outono
Há nas primeiras folhas de outono
O sabor e o aroma dos frutos maduros
Que penetram os sentidos
Como amoras a brilhar ao sol
E os cestos enchem-se de figos,
Uvas e maçãs enrubescidas
Como as frontes das gentes
Que as recolhem como um milagre
É a natureza a completar
O ciclo, que em cada estação
Se renova e nos espanta
A cada recomeço!
Ailime
03.09.2014segunda-feira, agosto 25, 2014
Nem sempre as palavras
Nem sempre as palavras esboçam um poema exemplar
Nem sempre os olhos
se abrem à luz
E deixam que as mãos deslizem
o pensamento
No papel amarelecido pela ausência do que te queima a alma
Nem sempre o mar te envolve em maresia
Nem sempre a chuva te afaga o rosto açoitado pelo vento
Nem sempre os relâmpagos te fulminam na noite
Que te arrasta pela calçada agreste desprovida de árvores
Não imagines sequer que o teu poema tem que conter alguma
mensagem
Não, tu és imperfeita no que ainda não fizeste
E não tens que ser perfeita
naquilo que desconheces!
O que é a perfeição?
Deixa que a vida te ofereça a luz e abre a janela
Deixa simplesmente que ela te atenue a penumbra.
25.08.2014
Imagem Google
quarta-feira, agosto 20, 2014
Há no fulgor da manhã
Há no fulgor da manhã
A magia do amor
Na fragrância das flores
Que atapetam o chão
A janela escancarada
Deixa que a luz do sol
Rompa a penumbra
E incendeie as paredes de cal
O mar lá em baixo
Sobressalta-se,
Não vá a maresia
Embaciar-me o olhar.
Ailime
20.08.2014
Imagem Google
quarta-feira, julho 23, 2014
Que te resta nestes dias
Que te resta nestes dias
Quando o sol percorre o teu corpo
E te desenha na alma
A chama que te
acalenta
Que te resta nestes dias
Em que as horas esvoaçam
Como pássaros em debandada
Num corrupio quase trôpego
Que te resta nestes dias
Quando alvorece o sol-pôr
E o teu olhar se ensombrece
Oculto por uma nuvem furtiva
Que te resta nestes dias
Em que as palavras se ausentam
E deixas que um véu as desnude
Num mar de espuma agitado
Que te resta nestes dias…
Foto e texto
Ailime
sábado, julho 12, 2014
O murmúrio do mar
Nem o areal pressente
O murmúrio do mar
Quando as vagas repousam a espuma
Na transparência das tardes.
Apenas a luz capta o silêncio
Na profundeza das águas
E alastra no horizonte
O segredo das marés!
Texto e foto
Ailime
12.07.2014
terça-feira, julho 01, 2014
Crepúsculo
Na celeridade dos dias
Em segundos apenas
Se estreitam as horas
O alvorecer desperta
Submerso no abismo
E o mar inunda a cidade
Por instantes os relógios
Silenciam o tempo
Na luz do crepúsculo
Que abraça o infinito
Texto e foto
Ailime
01.07.2014
terça-feira, junho 24, 2014
Voos
O mar, a luz e o entardecer
Nas folhas que navegam as águas
Como pequenos barcos à deriva
Nas marés banhadas de luar.
Os pássaros voam em debandada
E no areal cravado de sal
Uma pena repousa solitária
A incerteza do voo abrasado.
A alvorada reluz no horizonte
Dispersando as névoas para longe;
Timidamente um pássaro aproxima-se
Num voo rasante, quase mudo.
quarta-feira, junho 18, 2014
A festa foi breve
Porque os olhares se fixaram no efémero;
O que brilha não são os homens
Mas as estrelas que em noite escura
Incendeiam o firmamento com clarões
Esfuziantes de cor!
É urgente aprisionar a luz,
É urgente elevar os olhos ao essencial!
É urgente abrir o coração ao amor!
O efémero é apenas uma aragem,
Que num ápice se desfaz no horizonte.
É urgente ouvir a madrugada
A irromper num céu irradiado de mar!
Ailime
18.06.2014
quarta-feira, junho 11, 2014
Nada é transversal
Nada é transversal ao que ideamos,
Porque os muros se desmoronam
E anulam a claridade dos mitos
Que nem chegaram a ter flama.
Os dias declinam e a noite
Jaz mergulhada no mar
Que extemporaneamente
Naufraga nas ondas o sal.
As asas batem em retirada
No luar pálido das águas
Como clarões à distância
A raiar o naufrágio das aves.
11.06.2014
Ailime
Imagem Google
sexta-feira, junho 06, 2014
"Tanta gente"...
“Tanta gente…tanta gente… e ninguém…”!....
O prato estava vazio.
Eu tinha acabado de almoçar quando me cruzei com ele. Voltei atrás e olhei o seu rosto cavado por profundas rugas e não vi qualquer sinal de animosidade.
Ailime
Hoje, Lisboa (11.01.2011)
(Reposição)
Imagem Google
quarta-feira, maio 28, 2014
Voos
Os pássaros voam rasantes
Rompendo as marés
No silêncio desnudo
Das águas revoltas.
As asas desfazem-se
Como sonhos irreais
Dependurados nas naus
Ancoradas nas falésias.
No ocaso, o sol mergulha
Em penas marejadas de sal
Soltando lampejos de espanto
Na solidão estéril da praia.
Ailime
28.05.2014
Imagem Google
sexta-feira, maio 16, 2014
Há na ternura das folhas
A leveza dos pássaros
Que na limpidez das estrelas
Percorrem o infinito
Em voos matizados de luz.
Na transparência das asas
Movem o viço da seiva
Na maresia das nuvens
Entre aragens e orvalhos
No céu acolchoado de mar.
Texto
Ailime
Imagem Google
16.05.2014
sexta-feira, maio 09, 2014
Entardeces
Entardeces no pranto contido
Que desliza docemente
Na lágrima que escorre
E te humedece o sorriso
Do teu olhar cavado.
Observo-te a inquietude
E como uma folha estremeces
Como quando o vento em corrupio
A desmembra do caule
Arrastando-a pelo infinito.
Há folhas que não deviam esmaecer,
Porque extinguem a beleza das flores
Que um dia juncaram de pétalas
Chãos repletos de amor.
Ailime
08.05.2014
segunda-feira, abril 28, 2014
Eu era rio e tua eras paz.
Eu era rio e tua eras paz.
Desenhava-te no horizonte
Em círculos azuis como asas
Que o vento apenas traz
Quando as linhas se tocam
Em forma de folhas novas.
Enleamo-nos nas horas
Que só o tempo pode entender
Quando a luz das manhãs
Se prende nas tardes do ocaso
Ali… Diante de nós.
Texto e foto
Ailime
Ailime
28.04.2014
Ailime
sexta-feira, abril 25, 2014
Abril acordou
Abril acordou sob um céu pintado de flores;
Eram vermelhas como o sol a despontar
Na primavera, que irrompeu sobre a cidade.
Da noite emergira a claridade
E em uníssono todos entoavam
Nas asas dos pássaros a liberdade.
Janelas e portas escancaradas;
O coração do povo ardia em chamas de espanto
Na profusão de sorrisos e abraços.
A cidade acordara do sonho aprisionado
Nos dedos, que agora incitavam a vitória!
Texto
Ailime
25.04.2014
(Imagem Google)
Ailime
25.04.2014
(Imagem Google)
segunda-feira, abril 21, 2014
Os teus gestos
De Abril falavam os teus gestos,
No suor que o teu rosto
Pingava nas mãos
Calejadas pela enxada,
Com que trabalhavas o pão.
Nunca te vi triste
Nem amargurado;
Amavas a terra, mas
Sabias-te explorado.
Do lagar de azeite, onde
Da azeitona emergia a luz
Que te iluminava o olhar
Guardo o teu enorme labor.
Eras humilde como grandioso
Nos teus gestos de simplicidade
Com que amavas as gentes e a gente.
Em terra inculta, eras culto
E contigo as primeiras letras
E os primeiros livros.
(Da Gulbenkian pois, que lá em baixo
Passava a Biblioteca itinerante)
E lê e olha aquele livro e o outro.
Os teus gestos germinaram,
Em muito amor e carinho,
Por nós, pela tua gente.
Em Abril, recordo-te
Nos teus gestos,
No teu amor,
No brilho esperançoso do teu olhar!
Neste "pote" que me legaste
Continuam bem vivos
Na cor vermelha dos cravos,
Os teus gestos de amor,
em Paz e harmonia.
Obrigada, Avô!
Texto e foto
Ailime
21 Abril de 2014
(Este texto é dedicado
ao meu avô materno falecido
em Agosto/1997)
terça-feira, abril 15, 2014
Sonhei-te
Sonhei-te por entre searas douradas
Onde as papoilas
voltavam a baloiçar
Como cirandas embaladas
pelo vento
Sonhei-te em madrugadas de cor
Salpicando de estrelas os jardins
Onde as flores fenecem na secura dos dias
Sonhei-te a cantar nos campos e cidades
Desatando silêncios enclausurados
Nas gargantas rasgadas pelo frio
Sonhei-te, enfim, a esvoaçar
Cruzando o espaço como ave migratória
Que da asa ferida se liberta
Ailime
15.04.2014
Imagem Google
quarta-feira, março 26, 2014
Na ausência das folhas
Na ausência das folhas
Os ventos sopram os dias
Das primaveras serôdias
Suspensas de densas escarpas
Os musgos escoam nas asas
Alvoraçadas dos pássaros
Sombras de nuvens azuis
Na obscuridade dos muros
Nas veredas estreitas
De labirintos insondáveis
A luz detém no horizonte
A plenitude do olhar
Ailime
26.03.2014
sexta-feira, março 14, 2014
Da noite emergiu a alvorada
Que me cingia a cintura, ainda estreita,
Num campo submerso de flores.
Não sei quantos me cercavam
Eram muitos, mais que mil,
Porque num grito todos eram.
Hoje já não sei quantos são,
Porque dispersos no tempo
Em campos de restolho seco
E pétalas de flor mirradas.
14.03.2014
terça-feira, março 11, 2014
Na ausência da luz
Na ausência da luz
Mergulho no deserto
E as trevas instalam-se
Como sombras que o vento
Me impele a romper
Sob o sol escaldante
A sede assola-me o vazio
E rasga-me o âmago
Na travessia infindável
No silêncio das dunas
Uma aragem cálida
Sussurra-me a fonte
Do tempo que urge
Vislumbro o oásis
Na miragem que cega
…
A escuridão dissipa-se
No fulgor da manhã.
11.03.2014
Ailime
Imagem Google
quinta-feira, fevereiro 27, 2014
Já não me iludo com as sombras
Já não me iludo com as sombras
Dos dias em que o sol raiava,
Porque a luz rasgava-me o ventre
Em searas por desbravar.
No vento encontrei o norte
E na chuva pétalas de maio
Num universo que me nega
A espera de um outro porvir.
Quero soltar as correntes
Que me tolhem o pensamento
E me impedem de inventar
Um novo mar de palavras.
Ailime
Imagem Google
Imagem Google
27.02.2014
quarta-feira, fevereiro 19, 2014
Procuro nas palavras
Procuro
nas palavras
A
vertigem dos dias
E apenas a nudez das árvores
Me fala da luz.
O inverno abarca-me
Na chuva que goteja
O
murmúrio do vento
No
esvoaçar dos pássaros.
No
infinito uma nuvem
Arrasta
para longe
A
sombra das asas
Num
voo raso de espanto.
Texto e foto
Ailime
18.02.2014